Planeta IA
Por Alvaro Leme
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O que Stranger Things tem a ver com inteligência artificial?
Nada, pensei de início. Mas não é bem assim: é possível, sim, encontrar paralelos entre a série da Netflix e a tecnologia atual
Sempre que surge um tema que mobiliza a internet, jornalistas precisam quebrar a cabeça para ver como aquilo se encaixa com os assuntos que cobrem. Eu, inclusive.
O cenário é assim porque a gente vive num mundo mediado por algoritmos, encarregados de entregar aos leitores os conteúdos (antigamente chamados de matérias ou reportagens) que podem interessar. Aí, se um assunto está em alta, as chances das coisas que a gente tem o trabalho de escrever acabam impactando mais pessoas.
E aí, cá estou: me perguntando se Stranger Things tem alguma coisa a ver com inteligência artificial, tecnologia, vida digital. Gosto muito da série, vi todos episódios e estou me preparando para a maratona que vai ser a quinta e última temporada, que acaba de chegar à Netflix.
Será que existem paralelos que conectem as aventuras de Finn, Eleven e companhia às nem sempre eletrizantes notícias do mundo da tecnologia? Deixo abaixo para você ver se brisei demais.
1) Toda época tem uma tecnologia que assusta as pessoas
Em Stranger Things, isso aparece nos experimentos secretos e conspirações. Na minha infância 80’s, não faltavam paralelos: toda hora algum adulto dizendo que se tocasse disco de trás para frente tinha mensagem subliminar, que video game estragava televisão, que programa infantil hipnotizava a gente… Mudam os monstros, muda a estética, mas os sustos meio que são parentes. Hoje, é o povo com medo de IA (não totalmente injustificado, devo dizer).
2) Meias-verdades são mais perigosas que mentiras
O Mundo Invertido é a versão quase igual do nosso, só que distorcida. Isso é praticamente a definição de deepfake. A série me lembra que enganação boa não é a absurda, e sim a quase convincente.
3) Realidades fabricadas são sedutoras
Nos anos 80, a gente se perdia em filmes, HQs e videogames. Hoje, IA cria mundos paralelos sob demanda. A série me ajuda a entender por que tanta gente cai tão fácil no encanto de versões “melhores” da realidade.
4) Crises tecnológicas sempre expõem desigualdades
Em Hawkins, alguns têm acesso à informação e outros, não. Com IA, é igual: quem tem conhecimento usa bem; quem não tem vira alvo de golpe, propaganda ou fake news.
5) Experimentos sem regras sempre dão errado (na ficção e no mundo real)
O laboratório de Hawkins é a prova de que qualquer pesquisa poderosa precisa de supervisão. Isso vale para IA: deixar empresas sozinhas com ferramentas potentes tem seu quê de risco, vai.
6) Jovens sempre são os primeiros a sentir o impacto das tecnologias novas
A turminha da série enfrenta os riscos de experimentos científicos, e a gente pode criar paralelo com algo que tem sido comum: adolescentes costumam ser os primeiros a se entrosar com novidades e acabam sofrendo as consequências nem sempre positivas disso.
7) Superpoderes têm seu preço
Usar os poderes sempre exige muito da Eleven. Com a IA também, só que não afeta exatamente a própria, e sim o resto do mundo: custo ambiental, cognitivo e até emocional. Nada é grátis, só parece.
8) O adversário mais sério é o que faz as coisas em silêncio
Vecna age sem barulho. A IA faz a mesma coisa quando decide o que você vê no feed, quem recebe crédito, quem passa no filtro de currículos. É o perigo que opera quieto que mais preocupa.
9) Inteligência coletiva vence qualquer ameaça
O grupo unido sempre vence. No mundo da IA, isso significa regulação, pesquisa pública, educação digital e cooperação entre setores.
10) O desconhecido assusta, até a gente entender o básico
Na minha infância, bastava aprender como funcionava o videocassete para perder o medo dele. Cumpri essa missão com muito orgulho, devo dizer. A série me lembra que entender minimamente o funcionamento da IA reduz pânico e aumenta controle.
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