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Pé na estrada

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Viagens de carro para quem ama o caminho tanto quanto o destino
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Viajamos 600 quilômetros com o esportivo mais barato do Brasil

A bordo do Pulse Abarth, SUV compacto de pegada familiar que foi "envenenado", fomos a Atibaia e rodamos pelas estradas de São Paulo

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 Maio 2024, 15h39 - Publicado em 10 Maio 2024, 08h30

Não é à toa que o Nordeste é a região do país mais buscada por turistas em férias. Além das praias e paisagens deslumbrantes, ela tem uma ótima infraestrutura de resorts. E não há quem não goste de ficar hospedado em um hotel com boa infraestrutura em que a maior preocupação dos hóspedes é decidir onde curtir as próximas horas e quando será servida a próxima refeição.

Sem as praias, mas com toda a infraestrutura para quem adora a experiência dos resorts, mas não quer necessariamente encarar o trâmite do aeroporto e um voo até o Nordeste, a cidade de Atibaia, a menos de cem quilômetros da cidade de São Paulo, tornou-se um destino certo para quem quer curtir um final de semana com a família longe do caos da metrópole. E para quem mora perto da capital paulista, o município está a uma breve viagem de carro de distância.

Pegamos a estrada a bordo do Pulse Abarth, um carro que se propõe familiar, mas que ganhou um “veneno” adicional para se passar por esportivo nas horas vagas, e seguimos em direção a Atibaia.

Essa versão específica tem bastante história para contar. O Pulse foi um lançamento importante para a Fiat, chegando ao mercado em 2021 após uma longa campanha de marketing que foi revelando cada detalhe do carro aos poucos. Como um dos SUVs mais acessíveis do país, vendeu bem e fechou o ano de 2023 como o 23º veículo mais emplacado do Brasil. Ele marcou também o retorno da Abarth ao país após sete anos. É ainda o primeiro modelo “envenenado” pela divisão esportiva da Stellantis, fundada em 1949 pelo austríaco Carlo Abarth (1908-1979) e que em 2024 completa 75 anos, desenvolvido no Brasil.

Pulse Abarth é o primeiro SUV
Pulse Abarth é o primeiro SUV “envenenado” pela marca italiana e primeiro modelo totalmente desenvolvido na América do Sul – (André Sollitto/VEJA)
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O Pulse Abarth é o único da linha com motor 1.3 turbo de 185 cv e 27,5 kgfm de torque e câmbio automático de seis velocidades (com a possibilidade de usar a troca de marchas em aletas atrás do volante), além de detalhes exclusivos de acabamento, o modo Poison de direção e freio de estacionamento eletrônico. Dimensões e outras tecnologias são iguais de outras versões. A grande vantagem é o conjunto adaptado para oferecer maior esportividade. O escapamento produz um ronco potente, que invade a cabine, os freios a disco dianteiros foram recalibrados e a suspensão dianteira ganhou molas e amortecedores exclusivos.

E os ajustes fazem diferença. Ele já é esperto nos deslocamentos urbanos, mas na estrada a sensação de esportividade é acentuada. Assim que entramos na rodovia ligamos o modo Poison e sentimos a mudança imediata na direção. O acelerador fica mais sensível, o volante, mais responsivo. Nas curvas dá para sentir a aderência ao asfalto, e nas retas ele acelera com vontade. A ficha técnica diz que o Pulse Abarth vai de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos, mas não é só isso. As retomadas são muito mais rápidas, especialmente em velocidades menores. Em trechos de serra, com mais curvas, por exemplo, as frenagens e retomadas são ligeiras. Apesar de usar freios a tambor nas rodas traseiras, e não a disco (uma das principais reclamações relacionadas ao carro), em nenhum momento senti insegurança nas frenagens.

O trajeto até Atibaia é breve, mas a viagem fica empolgante. Ele pode não ser um esportivo puro e de alto desempenho, como um Porsche 911 ou um Ford Mustang, mas entrega essa sensação de ter o carro mais “na mão”, com potência para acelerar, custando uma fração do valor desses veículos icônicos. Precisei fazer um breve retorno a São Paulo no meio do final de semana, o que serviu para curtir ainda mais o desempenho na estrada.

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O hotel Bourton Atibaia Resort, um dos mais tradicionais da região -
O hotel Bourton Atibaia Resort, um dos mais tradicionais da região – (./Divulgação)

Ficamos hospedados no Bourbon Atibaia Resort, um dos mais tradicionais da região. Inaugurado em 2002, faz parte da rede que tem mais de 20 unidades espalhadas pelo Brasil, Argentina e Paraguai. O hotel, durante a semana, recebe convenções e encontros de negócios e, a partir de sexta-feira, assume uma proposta familiar, com quartos espaçosos, que comportam pais e filhos, e uma grande programação de entretenimento para crianças e adultos. Dá para passar um final de semana inteiro sem pisar fora do complexo. A estrutura tem opções de esporte, como quadras de tênis e beach tennis, um campo de futebol de tamanho oficial, piscinas, spa e até boliche.

Há outro motivo para visitar o hotel, mesmo se não for para pernoitar por lá. Recentemente, a unidade inaugurou um novo restaurante, Vezzoso Cucina, com menu assinado por Salvatore Loi. O chef comanda hoje as unidades do Modern Mamma Osteria e do bar-restaurante Ella | Fitz e trabalhou por anos no comando do Fasano e assinou menus para o Gero e o Parigi. O Vezzoso Cucina é aberto a não hóspedes e oferece alguns dos pratos clássicos de Loi, como a lasanha de vitela e o ravioli sardos, recheado com ricota e limão siciliano e servido com molho de tomates. O restaurante tem outra unidade no hotel da rede em Foz do Iguaçu e integra a estratégia da divisão Bourbon Hospitalidade, que propõe experiências gastronômicas.

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Há, é claro, outras opções de hospedagem na região. E os turistas que querem aproveitar a cidade vão descobrir que Atibaia tem bastante a oferecer. Há destinos históricos, como a Igreja da Matriz de São João Batista, construída no século XVII, e passeios focados na natureza, como o Orquidário Takebayashi. Quem busca opções etílicas encontra a cervejaria Los Compadres, que tem um portfólio com opções mais clássicas, como IPAs e APAs, além de uma interessante linha em lata que merece ser conhecida.

A principal atração turística, sem dúvida, é a Pedra Grande, rota obrigatória para quem gosta de trilhas na mata e de uma bela vista para recompensar o esforço físico exigido para chegar ao topo. Dá para percorrer a trilha de bicicleta, em uma rota asfaltada de quase 7 quilômetros de extensão (no horário específico entre 14h e 16h), ou a pé. A entrada é pelo Parque Horto Florestal, com cobrança de 50 reais de entrada, e dá para caminhar tanto no asfalto quanto na mata, mas é bom se preparar. Ela é considerada de grau moderado de dificuldade. Se resolver encarar a subida, saiba que o mirante vale muito a pena. Só é preciso separar cerca de três horas e a dica é sair cedo, já que muitos turistas fazem o passeio.

Vista do alto da Pedra Grande, em Atibaia -
Vista do alto da Pedra Grande, em Atibaia – (André Sollitto/VEJA)

No domingo, voltamos à estrada. O Pulse Abarth é espaçoso, com bom porta-malas de 370 litros, e recebeu nossas bagagens com folga. Para um casal sem filhos, sobra espaço. Pode atender famílias maiores, claro, mas é possível que elas fiquem um pouco mais apertadas. Em trajetos mais rápidos, como uma escapada de final de semana para Atibaia, no entanto, é mais do que suficiente. Oferecido a R$ 151 mil, não é exatamente barato. Mas é o carro de apelo esportivo mais acessível do Brasil hoje – seu principal concorrente, o Polo GTS, custa R$ 153.700. É uma boa opção para quem quer tornar qualquer “road trip” com a família mais empolgante sem abrir mão da praticidade do dia-a-dia.

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