Desde que lançou a série Last Chance U, sobre esportistas com passados difíceis que tentam retomar a carreira no futebol americano universitário, a Netflix descobriu um atrativo filão. Desde então, as séries – e alguns filmes – sobre os bastidores de esportes populares se multiplicaram na plataforma. Há, é claro, F1: Dirigir para Viver, já na quinta temporada, uma das mais populares. Mas o portfólio conta agora com Quarterback, também sobre futebol americano, Break Point, sobre tênis, Tour de France: No Coração do Pelotão, sobre as corridas de bicicleta, ou o espetacular Arremesso Final, sobre Michael Jordan e sua passagem vencedora pelo Chicago Bulls na década de 1990.
A série mais recente a explorar os bastidores esportivos é Nascar: Velocidade Máxima, recém-chegada à plataforma. Seguindo uma fórmula bastante semelhante à de F1: Dirigir para Viver, os cinco episódios acompanham um grupo de pilotos durante os playoffs da última Nascar Cup Series de 2023. Entrevistas individuais contam a história pregressa de cada um, enquanto cenas das corridas, editadas de forma dramática, dão o tom da luta constante pela chance de disputar as etapas seguintes. Quem nunca assistiu a uma corrida simpatiza com os pilotos, e quem já curte o esporte fica ainda mais por dentro dos bastidores. O lançamento é parte da estratégia de Nascar de expandir o público. E deve funcionar.
Do ponto de vista competitivo, fica claro porque a Nascar é tão popular nos Estados Unidos. As velocidades dos carros ultrapassam 320 km/h, e qualquer erro abre espaço para uma ultrapassagem. Cada oportunidade é disputada ferozmente, e por conta disso há um perigo constante de batidas – que acontecem com frequência e podem significar o fim prematuro de uma campanha pelo título. Há inúmeras reviravoltas e a própria produção precisa lidar com isso. Pilotos que não eram cotados assumem posições de destaque, enquanto outros, tidos como favoritos, ficam de fora. É parte da graça.
Como outros documentários da plataforma, a série é especialmente eficaz em mostrar o esporte de forma abrangente para aqueles menos familiarizados. As estratégias das equipes, a cultura ao redor das disputas, o estilo de vida luxuoso dos pilotos, as tradições e a dinâmica nas pistas fazem parte da narrativa maior, e o resultado é uma interessante e acessível porta de entrada para um esporte que embora seja transmitido no Brasil ainda é menos conhecido que a Fórmula 1.
Um dos produtores executivos é o veterano piloto Dale Earnhardt Jr. Filho do campeoníssimo Dale Earnhardt (1951-2001), vencedor de sete títulos Nascar Cup Series, ele aparece como fonte ao longo dos episódios, fazendo comentários sobre os pilotos. A história do esporte é pouco explorado, mas isso talvez seja um indício de que outras produções já estão sendo preparadas pela Netflix.
Afinal, a plataforma de streaming já confirmou outras séries esportivas. F1: Dirigir para Viver ganhará novos episódios em 23 de fevereiro. Há uma série sobre a NBA sendo gravada neste momento, acompanhando um quinteto de jogadores: LeBron James, Jayson Tatum, Anthony Edwards, Domantas Sabonis e Jimmy Butler. Há ainda duas novas produções sobre a MLB, a liga de beisebol americana, ambas sobre o Boston Red Sox. A primeira, com previsão de estreia ainda este ano, vai mostrar a histórica campanha de 2004; a segunda, prevista só para 2025, vai acompanhar em detalhes os bastidores na temporada de 2024.