Enquanto uns ‘agridem a bola’, a ‘loucura’ de Sampaoli encanta o Brasil
Num campeonato repleto de times que só pensam em desarmar, jogar bonito virou sinônimo de irresponsabilidade
Agora, com os estádios vazios fica fácil ouvir as orientações dos treinadores. Durante Corinthians x Bragantino, sem qualquer constrangimento, Maurício Barbieri e Coelho pediam aos jogadores: “Agride a bola!”, “Ataca a bola!”. O resultado foi um dos piores jogos dos últimos tempos. Só não foi pior do que Fluminense x Botafogo, com 170 passes errados. Mas ao fim da partida tanto Odair Helmann quanto Bruno Lazaroni consideraram os desempenhos satisfatórios. Odair poderia ter saído com a vitória, mas, novamente, deu um tiro certeiro e correu para trás das barricadas, buscou abrigo. E, aí, o louco é Jorge Sampaoli, que dispara a metralhadora giratória e salve-se quem puder.
Jogar bonito, ofensivamente, virou sinônimo de loucura e irresponsabilidade. Jorge Jesus fez isso e mudou de patamar, passou de Jesus a Deus. Já falei isso e repito, Sampaoli é aluno de Bielsa. Vejam o Leeds, de Marcelo Bielsa, jogar. Dá gosto! Observem os volantes de Leeds e Atlético Mineiro. Nem devem ser chamados de volantes porque não são cães de guarda, distribuidores de pancadas. Sinceramente, tenho dó de certos profissionais que, nota-se, sabem jogar bola, mas por total falta de orientação entram em campo para desarmar, bater e só. Veja o caso de Andrei, do Vasco. É um cartão por jogo, seja vermelho ou amarelo. Hudson, do Flu, é outro. Isso prejudica o time, o grupo, a evolução de um trabalho. Ramon foi um jogador maravilhoso, esbanjava técnica, mas será que está conversando com os jogadores, isoladamente, entendendo os pontos fracos de cada um?
Coelho ficava andando de um lado para o outro, fazendo caras e bocas. Isso não funciona. Não é porque Jorge Jesus e Sampaoli fazem que deva fazer. Isso não é uma modinha. Marcelo Chamusca está há um ano no Cuiabá e, não por acaso, o time é o líder da Segunda Divisão e apresenta um conjunto bem interessante. Ganhou de um Cruzeiro, que já teve uma penca de treinadores e está desfigurado. Vocês vão me ver reclamando sempre por aqui porque o que se tem para elogiar é muito pouco. Mas os comentaristas tentam, de forma acadêmica, mostrar que não é bem assim. No domingo, durante a transmissão de um desses shows de horrores, um ex-jogador, que certamente fez o curso para treinadores, e hoje é comentarista, em menos de um minuto falou três vezes “posicional”. Não é pegar no pé, não, mas posicional é o……Kkkkk!!! Jogo ruim é jogo ruim.
Na Rádio Tupi, após Flu x Bota, perguntaram o que Gerson, Canhotinha de Ouro, achara da partida. O Papagaio disse “Boa tarde” e foi embora. Para fechar, vou sugerir aos treinadores que mandam os jogadores agredirem e atacarem a bola, e que não conheceram Armando Nogueira, para lerem um texto seu chamado “A Bola”, que narrado pelo saudoso Paulo José fica mais lindo ainda: “Brincar contigo é descobrir a harmonia e o equilíbrio do Universo. Brincar contigo é brincar com Deus, de cuja plenitude nasce a esfera – a inspiração da bola. Bola é magia, bola é movimento….”.