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Paris é uma Festa

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Histórias da cidade olímpica fora das arenas
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A Notre Dame está fechada? Explore o lado de fora

A bela catedral gótica, engolfada pelas chamas em 2019, não abriu para os Jogos, mas a fachada já vale a visita

Por Monica Weinberg, de Paris
7 ago 2024, 06h56

Quando as chamas consumiram a Notre Dame, a catedral de tantas histórias, já se sabia que recuperá-la não seria fácil nem rápido. Mas houve certa esperança de que poderia acontecer até a Olimpíada. Não deu. A abertura das belas portas góticas ficou a princípio para dezembro. Mas calma lá: hoje já dá para dar um pulo ali para admirar a fachada tinindo e cheia de detalhes que compensam a visita. E há ainda o entorno, tudo plantado na île de la Cité, onde a história de Paris dá a largada.

No topo, avista-se o novo pináculo, a agulha que coroa a igreja. No incêndio de 2019, ela tombou de forma dolorosa, deixando a estrutura manca. Houve muito zunzunzum em torno da substituta: ganharia ela ares mais modernos ou seria refeita à moda original? Venceu a turma que apostou na manutenção do que era, com o galo-símbolo da Gália em cima e tudo.

Os sinos que inspiraram Victor Hugo a criar o corcunda que a tudo observava lá de cima seguem intactos, enquanto nas laterais encontram-se as famosas gárgulas, figuras grotescas que representam almas capturadas no limbo entre céu e inferno. Há também um sentido de utilidade nestes seres horripilantes: eles ajudam a escoar a água da chuva.

Cortem-lhes a cabeça!

Os insurgentes da Revolução Francesa não queriam ver de pé nada que lembrasse o velho regime. Primeira providência em relação ao festejado cartão-postal medieval? Convertê-lo em Templo da Razão e cortar a cabeça das estátuas dos monarcas da França que repousavam na fachada. Detalhe: as tais figuras eram, na verdade, reis da Judeia.

Sorte que um professor de história teve a iniciativa de enterrar o que restou em seu próprio jardim. Em 1977, encontraram o conjunto de cabeças por acaso. Reconstituídas, essas estátuas podem ser encontradas a alguns quarteirões da catedral, bem guardadas no museu de Cluny (não deixar de ver por lá a série de tapeçarias do unicórnio). Hoje são as réplicas que enfeitam a frente da igreja.

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Nos relevos cheios de significado que ornam a fachada, está instalado um Saint Denis, santo padroeiro de Paris, de posse da própria cabeça, devidamente decapitada porque seu dono queria espalhar o catolicismo num tempo em que os romanos ainda davam as cartas.

Não à toa, a catedral que transborda história e é tão fotogênica junto ao Sena tem atraído tanta gente entre uma competição e outra. Para se demorar nos detalhes, é só sentar na arquibancada erguida bem na frente – e torcer para que as portas abram logo.

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