Sexo, saúde mental e caridade: quem é Megan Thee Stallion
Cantora se apresenta no Rock in Rio no domingo antes de Dua Lipa, com rap sensual e hits estourados nas redes sociais como 'Savage', que foi febre no TikTok
A pequena Megan Jovon Ruth Pete conheceu a música antes mesmo de aprender a falar. Ainda bebê, sua mãe, a rapper Holly-Wood, costumava levá-la no colo para as sessões de gravação, já que preferia ter a filha ao seu lado do que deixá-la em uma creche. Já crescida, a garota, criada em meio a versos de rap no conservador Texas, adotou o nome artistico Megan Thee Stallion — é com ele que ela assume, nesse domingo, 11, o palco principal do Rock In Rio, logo antes da headliner Dua Lipa. A cantora usa ainda uma série de outros nomes como Htown Hottie, Tina Snow e Hot Girl Meg— cada um deles com uma espécie de alterego com humor próprio.
Nascida no condado de Bexar, no Texas, Megan passou a maior parte da vida morando em Houston, onde compôs os primeiros versos, aos 14 anos. Aos 18, mostrou as composições para a mãe, decidida a perseguir uma carreira na música. Preocupada com o futuro da filha, mas sem querer cortar as asas da garota, Holly pediu para que ela esperasse até os 21 anos, já que suas músicas eram “sexuais demais” para alguém ainda tão jovem, e ela poderia ser vista com maus olhos. A preocupação tinha fundamento: sem amarras para falar sobre prazer feminino e ousada nas danças sensuais, Megan teve que ralar para ser ouvida em uma indústria em que o prazer só é aceito sem alardes quando cantando por homens. “Não estou fazendo rap sobre te lamber, mas sobre você fazer o que eu disser para você fazer e sinto que às vezes isso pode ser um pouco intimidante para os homens”, proclamou em uma entrevista para e revista americana Marie Claire.
A veia sexual que rendeu a ela uma série de ataques ao longo da carreira, quem diria, também fez de Megan uma das rappers mais cobiçadas do momento. Para uma geração que tenta se livrar, a todo custo, do “dois pesos e duas medidas” entre homens e mulheres, as letras apimentadas sobre fazer o que bem entender na cama e fora dela são uma espécie de defesa do próprio prazer. “Vou jogar o cabelo para o lado e olhar para trás enquanto rebolo no espelho”, canta no hit Savage, que ganhou uma versão com colaboração de Beyoncé, além das estatuetas de melhor canção de rap e melhor performance de rap no Grammy de 2021. “Eu quero safadeza, a parada bem insana/Venha para baixo da minha cama e me acompanhe”, entoa em Sweetest Pie, parceria com Dua Lipa.
As parcerias, aliás, foram um passo importante da carreira. Inteligente, Megan usa as redes sociais a seu favor, e estourou em redes como o TikTok e Instagram. No seu primeiro álbum de estúdio, Good News, lançado em 2020, nomes como DaBaby, SZA, Big Sean, Young Thug e Beyoncé aparecem em colaborações, o que ajudou, é claro, a aumentar a visibilidade da cantora no meio. No mais recente, Traumanize, de 2022, há palhinhas de Dua Lipa, Key Glock, Lil’ Keke, entre outros. Trabalho mais vulnerável da carreira, o álbum ainda traz canções que falam sobre os desafios da fama e a saúde mental. “Se eu pudesse enviar uma carta ao céu, diria a minha mãe que eu deveria tê-la ouvido/Pediria desculpas por estar sendo louca/pediria para que ela me perdoasse, porque eu tenho me esforçado”, canta em um trecho de Anxiety. “Tudo o que eu quero ouvir é que vai ficar tudo bem/Se recupere, porque va**** também tem dias ruins”, canta em outro trecho.
Consciente, a cantora aproveita a fama conquistada para tentar tornar o mundo um lugar melhor. Nesse ano, lançou a fundação Pete and Thomas (em homenagem aos pais já falecidos) para dar suporte a mães, crianças e idosos necessitados no Texas. O anúnciou foi feito durante o aniversário da cantora, como uma espécie de auto-presente. “Meus pai me criaram para ajudar os outros, retribuir o que recebi”, disse na publicação. Antes disso, já havia revertido os ganhos com seu maior sucesso, Savage, para uma instituição que alimenta pessoas em vulnerabilidade na região de Houston. Seu impacto na cidade é tão grande que o dia 2 de maio, data que marca o aniversário da mãe e avó da cantora, foi oficialmente declarado como o “Dia da Megan Thee Stallion” no local. “Megan tem uma carreira extraordinária no entretenimento, mas queríamos honrá-la pelo que ela faz fora dos palcos para elevar a vida das pessoas em comunidades desprivilegiadas”, disse o prefeito Sylvester Turner. “Ela ajudou pessoas após a tempestade de inverno de 2021, durante a pandemia, e ajudou aqueles que sofrem com falta de moradia”, relembrou ele.