Há 150 anos, em 1º de abril de 1873, nascia em Semionov, no Noroeste da Rússia, o compositor Sergei Rachmaninoff, um dos mais influentes pianistas clássicos do século XX. Ainda que renegado no próprio país à sua época: ele teve de fugir para os Estados Unidos em 1917 após a Revolução Russa, e nunca mais voltou. Desde 2020, no entanto, Vladimir Putin tenta se apropriar politicamente do legado do músico e prepara uma série de comemorações no país referentes à efeméride do nascimento do compositor. No Brasil, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, com regência de Thierry Fischer e solo do pianista britânico Stephen Hough, fará uma série de apresentações entre junho e setembro, de Rachmaninoff.
O compositor morreu na meca do entretenimento americano, Los Angeles, em 28 de março de 1943, aos 69 anos. Antes de se estabelecer nos Estados Unidos, porém, morou em alguns países da Europa, até se instalar definitivamente em 1918 em Nova York. Sua inspiração, no entanto, sempre veio de sua terra natal. Incentivado a compor por Tchaikóvski, seu estilo é fundamentalmente russo, com canções que remetem à musicalidade do povo local e à Igreja Ortodoxa.
Essa sua ligação com a terra de origem é um dos motivos que fizeram Putin adotar o músico como símbolo do novo nacionalismo russo. No passado, sua música chegou a ser banida na União Soviética, mas agora até seus restos mortais entraram em disputa. Desde 1992, a Rússia tenta repatriar seus ossos, enterrados em Nova York. Os descendentes do compositor, no entanto, são contra o transporte.
Autor de composições românticas e de alto potencial popular, Rachmaninoff é um compositor que certamente já chegou aos ouvidos de muitas pessoas que jamais ouviram música clássica — embora nem se deem conta disso. Um trecho de uma de suas criações mais famosas, o Concerto Para Piano N. 2, ganhou letra na canção All By Myself, do cantor americano Eric Carmen. A faixa ganhou popularidade em 2001, na versão de Celine Dion, quando entrou na trilha sonora do filme Diário de Bridget Jones, com Renée Zellweger.
O fato é que os 150 anos de Rachmaninoff serão celebrados em todo o mundo, provando que sua música não tem fronteiras ou dono, com concertos no Carnegie Hall, em Nova York, pela Filarmônica de Zurique, na Suíça, e também em um festival em Bruxelas, na Bélgica.