O protesto de Elton John contra onda de homofobia “vergonhosa” nos EUA
Cantor e compositor britânico é ativista LGBTQ+ de longa data e se diz espantado com novas leis no país: "É como um vírus que ataca o movimento"
Elton John oficialmente se assumiu homossexual em 1992, quando já carregava status de ícone gay devido a rumores, seus figurinos extravagantes e canções provocativas e cheias de energia. Desde então, ele se dedica ao ativismo LGBTQ+, que exerce através da ONG Elton John AIDS Foundation, de sua própria obra e até de sua biografia, que resultou em livro e no filme Rocketman, censurado na Rússia devido a cenas homoafetivas. Agora, seu posicionamento político o leva a um novo protesto: aos 76 anos, o cantor não dispensa a possibilidade de realizar shows em residências, como faz Adele em Las Vegas — desde que o local não seja nos Estados Unidos.
Em entrevista ao Radio Times, Elton declarou que os direitos gays estão em retrocesso no país, com o surgimento de legislações “vergonhosas”: “Existe uma lei agora que permite que médicos da Flórida se recusem a atender pacientes gays, o que para mim é inacreditável. Estamos andando para trás, e isso é contagioso. É como um vírus que ataca o movimento LGBTQ+”.
O cantor e compositor britânico diz ainda perceber que o sentimento antigay se espalha para o Reino Unido. Na entrevista, ele comentou sobre Philip Schofield, apresentador dispensado da emissora ITV por ter um relacionamento com um colega mais jovem: “A América está sendo consumida por uma onda crescente de raiva e homofobia. Não sei se já está na Inglaterra, porque não tenho estado muito aqui, mas sinto que o caso Philip Schofield é carregado de homofobia. Se tivesse sido um homem hétero em um caso com uma mulher jovem, isso nem seria notícia”.
Elton, atualmente, está na etapa final de sua turnê Farewell Yellowbrick Road, anunciada como a última de sua carreira. Ela se iniciou em setembro de 2018 e totalizará 333 shows ao longo de cinco anos. Sobre voltar aos palcos depois disso, John reafirmou seu interesse em fazer uma residência “como Kate Bush fez em Londres”, longe dos EUA.
A legislação americana passa por um momento conturbado, no qual uma onda conservadora clama por medidas que segreguem a população LGBTQ+ de determinados espaços e atividades. No estado do Tennessee, por exemplo, uma lei de fevereiro proibiu apresentações de drag queens em público ou para crianças. A voz mais agressiva, porém, é o governador da Flórida, Ron DeSantis, que antagoniza até mesmo a Disney, que interrompeu doações ao governo local em represália à lei “Don’t Say Gay”, que criminaliza escolas que tratem questões de gênero para crianças.