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“Hip-hop pode ser o novo rock and roll”, diz o rapper LL Cool J

Após uma década longe dos palcos, o músico americano retorna com novo álbum com canções que denunciam o racismo e as mazelas sociais

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 out 2024, 16h12
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  • Aos 56 anos, um dos ícones do hip-hop, LL Cool J, retoma sua carreira musical com o lançamento de The Force, após mais de uma década desde o último álbum de inéditas. O disco, que contou com a participação de Eminem, Snoop Dogg, Busta Rhymes e Saweetie, conta com letras que denunciam o racismo e as mazelas sociais.

    Em entrevista a VEJA, LL Cool J falou sobre o disco e destacou que, no mundo do hip-hop, ficar tanto tempo longe dos holofotes faz com que os fãs esqueçam de você. É que o músico, na última década, se dedicou a uma carreira de ator em séries de TV e cinema, com participações em produções como 30 Rock e NCIS: Los Angeles. Questionado sobre a relação entre rock e hip-hop, ele afirmou que o hip-hop pode incorporar a rebeldia e a autenticidade características do rock and roll: “É sobre ir contra a corrente. É sobre ser você mesmo”. Confira a seguir os principais trechos:

    Você não lança nenhum álbum há mais de uma década. Como é voltar agora? É incrível a energia positiva e poder fazer o que me inspira. Mais importante: é poder mostrar para as pessoas que é artisticamente possível. Porque no nosso gênero, na cultura hip-hop, as pessoas sentem que se você tirar um tempinho de folga, você está acabado. Se você fica um mês, seis meses, já dizem: “ual”. Dez anos, então? Esqueça. Queria mostrar que, criativamente, eu ainda posso lançar coisas novas. A longo prazo, foi um grande negócio e foi muito importante.

    Este novo álbum, assim como em seus trabalhos anteriores, você compôs letras que falam sobre problemas sociais. Qual é a importância do hip-hop como ferramenta para denunciar as mazelas sociais? Não acho que exista uma responsabilidade ou obrigação de ter que fazer algo. Para mim, é sobre o que te inspira. Sinceramente, acredito nisso. Com tudo o que estava acontecendo, com todo o caos da pandemia, com todas as coisas que vi, me inspirei artisticamente sobre coisas que abordassem isso. Não é como se eu tentasse ser um intelectual, mas também não queria ser um tipo frívolo. Eu simplesmente me inspirei a falar sobre o que está acontecendo no mundo. Não sei o que vai me inspirar da próxima vez. Simples assim.

    O álbum conta com letras sobre racismo. Estamos longe de superar essa chaga da sociedade? É como uma balança com normas culturais já estabelecidas. Toda vez que alguém adiciona um pouquinho nessa balança para trazer um pouco mais de justiça, outra pessoa coloca algo de volta para diminuir. É uma questão com pesos adicionados e retirados da balança constantemente. Lidamos constantemente com isso no mundo. Toda vez que você tenta ajudar de um lado, outra pessoa quer que volte ao que era antes.

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    Você falou que o disco foi feito durante a pandemia. Há uma canção, 30 Decembers, em que você fala da liberdade de andar por Nova York durante o lockdown sem ser reconhecido. Como se sentiu? Foi inacreditável andar por aí sem as pessoas saberem quem eu era. Eu estava de máscara e moletom e ninguém me reconheceu. Foi como ser exposto ao mundo novamente e redescobri-lo. Pude ter a noção de como as pessoas comuns estavam passando todos os dias.

    No início da entrevista, você também mencionou que este álbum foi um retorno às raízes. Pode explicar melhor? Quando você está vivendo em uma bolha, andando de SUV e jantando em restaurante chique, como você pode realmente criar algo que realmente toque as pessoas? Quando falo sobre as raízes, eu estava falando mais sobre humanidade. É como ouvir Bob Marley, Marvin Gaye, Bob Dylan. Quando você ouve esses grandes artistas e vê que fizeram um trabalho atemporal. Há um certo nível de humanidade e conectividade ali. Eu só queria fazer esse tipo de música.

    A expressão G.O.A.T, The Greatest of All Time (O maior de todos os tempos) foi popularizada por você e hoje é usada até por atletas. Na sua opinião, hoje, quem é o maior de todos os tempos do hip-hop? Isso é muito subjetivo. Sabemos disso. Todo mundo tem uma opinião diferente sobre isso. Mas, uma coisa eu te digo, independentemente de quem você acha que seja um G.O.A.T., basta saber que quem criou o termo fui eu. O que acha disso?

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    A rebeldia do rock hoje está nos artistas de rap, trap e hip-hop. Esses gêneros são o novo rock and roll? Acho que sim, mas não falo sobre o gênero musical e, sim, sobre o sentimento. Quando você ouve as músicas Basquiat Energy ou Murdergram Duel, elas têm aquela energia do rock. Lembre-se, rock and roll é sobre rebeldia. É sobre ir contra a corrente. É sobre ser você mesmo. Foi assim que o hip-hop começou. Acho que a canção Spirit of Cyrus ser a primeira música do meu novo disco, traz uma mentalidade rock and roll. A melhor resposta para sua pergunta é: “Pode ser o novo rock and roll, mas nem sempre”.

    Durante seu hiato na música, você fez uma carreira na TV e no cinema. Planeja conciliar a música com essas novas atividades daqui em diante? Estou focado no álbum e na música. Farei mais TV e filmes no futuro. Isso me interessa. Mas a música é meu primeiro amor.

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