Apesar do sucesso comercial e crítico de Cowboy Carter, álbum que marcou a estreia de Beyoncé no country e que contém a faixa Texas Hold’em, um dos maiores hits musicais do ano, a cantora ficou de fora da lista de indicados ao Country Music Awards, divulgada nesta segunda-feira, 9. Lançado em março deste ano, o disco — que consagrou Beyoncé como a primeira mulher negra a estrear no topo da parada country da Billboard — se encaixava em todos os critérios de elegibilidade para a premiação, considerada a mais importante do gênero nos Estados Unidos.
O cantor americano Morgan Wallen — que em 2021 foi afastado brevemente de sua gravadora por proferir insultos raciais em um vídeo — obteve o maior número de indicações ao prêmio. Já o rapper Post Malone, que, assim como Beyoncé, lançou seu primeiro álbum country em 2024, foi indicado em quatro categorias.
A resistência da indústria fonográfica com artistas negros no country não é novidade. Dominante em regiões historicamente preconceituosas dos Estados Unidos, o country é símbolo da dita white culture, que defende a “brancura” como bandeira identitária a ser louvada. Em 2016, quando Beyoncé lançou a música Daddy Lessons, seu primeiro flerte com o ritmo, o Grammy barrou a inscrição da faixa na categoria country. No mesmo ano, quando compareceu ao Country Music Awards, a cantora sofreu rejeição de boa parte dos presentes.
Em Cowboy Carter, segundo ato da trilogia iniciada pela cantora no disco Renaissance, de 2022, a cantora resgata as origens negras da música country e traz à tona velhas feridas raciais da cultura norte-americana. Uma rádio no meio-oeste americano já havia causado polêmica neste ano ao recusar tocar Texas Hold’em, primeiro single do disco. “Somos uma rádio country”, explicou a estação de forma ríspida.
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