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O Som e a Fúria

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Cantor do Village People nega que sua música seja ‘hino gay’e elogia Trump

A banda, cujos cantores se tornaram ícones da comunidade LGBTQIAP+, autorizou que suas canções fossem usadas pelo político

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 dez 2024, 14h53

Durante a campanha presidencial, Donald Trump enfrentou uma série de processos de cantores por uso indevido de suas canções. A banda Village People, no entanto, não só aprovou as canções, como um de seus integrantes foi às redes sociais para defender o presidente-eleito. Victor Willis, membro-fundador do grupo, causou polêmica entre os fãs ao dizer que um dos seus hits, YMCA, não era um hino gay, afirmando que cogita processar organizações e veículos de comunicação que continuarem a insinuar que a letra tem caráter sexual.

Vale lembrar que a banda é cultuada pela cena gay e um dos ícones da disco music dos anos 1970. Ela ficou famosa justamente por músicas como Macho Man, coreografada pelos integrantes vestidos como ícones da masculinidade, entre eles, um índio, um operário, um policial e um cowboy. Em outubro, Willis havia afirmado à revista Billboard que Trump tinha o direito legal de usar a música porque ele havia solicitado a licença para uso político e que havia autorizado.

Willis disse que a canção se beneficiou enormemente da campanha de Trump, voltando, inclusive a ficar entre as mais tocadas, 45 anos após lançada.

Leia a íntegra da declaração: 

“Para os fãs do Village People e a mídia:

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Sou o cantor e escritor da letra do hit ‘Y.M.C.A.’. Na verdade, conforme decidido e registrado num Tribunal Distrital dos EUA, escrevi 100% da letra, e meu parceiro de composição, Jacques Morali, compôs a música.

Desde 2020, recebi mais de mil reclamações sobre o uso de Y.M.C.A. pelo presidente eleito Donald Trump. Com tantas reclamações, decidi pedir ao presidente eleito que parasse de usar a música, pois isso estava se tornando um incômodo para mim.

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No entanto, o uso continuou porque a campanha de Trump sabia que havia obtido uma licença política da BMI e, sem essa licença ser encerrada, eles tinham todo o direito de continuar usando Y.M.C.A. E assim o fizeram.

De fato, comecei a notar vários artistas retirando o uso de suas músicas pela campanha. Mas, em determinado momento, disse à minha esposa: ‘Ei, parece que Trump realmente gosta de ‘Y.M.C.A.’ e está se divertindo muito com isso’.

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Por isso, simplesmente não tive coragem de impedir o uso contínuo da minha música, especialmente considerando que tantos artistas estavam retirando suas autorizações. Então pedi à minha esposa para informar à BMI que não retirassem a licença política da campanha de Trump. Meus parceiros franceses estavam cogitando uma ação legal na França, mas pedi a eles que deixassem a questão de lado, já que isso era um assunto dos EUA — e eu tomaria a decisão sobre o uso da música. Eles recuaram rapidamente.

‘Y.M.C.A.’ se beneficiou enormemente do uso pelo presidente eleito. Por exemplo, a música estava estagnada na segunda posição nas paradas da ‘Billboard’ antes disso, mas finalmente chegou ao topo, 45 anos depois, graças ao uso pela campanha de Trump.

Os benefícios financeiros também foram significativos, com Y.M.C.A. estimando lucros de milhões de dólares devido ao uso contínuo da música. Por isso, fico feliz por ter permitido o uso contínuo e agradeço a Trump por escolher minha música.

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Há muita discussão, especialmente nos últimos tempos, de que ‘Y.M.C.A.’ é de alguma forma um hino gay. Como já disse várias vezes, essa é uma suposição falsa baseada no fato de que meu parceiro de composição era gay. Alguns (não todos) dos integrantes do Village People eram gays, e o primeiro álbum do grupo falava totalmente sobre a vida gay.

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Essa suposição também se baseia no fato de que o YMCA [Young Men’s Christian Association, em português Associação Cristã de Moços] aparentemente era usado como um ponto de encontro gay. Mas, como já disse inúmeras vezes, quando escrevi a letra de ‘Y.M.C.A.’, não sabia nada sobre isso. Jacques Morali, que era gay, nunca mencionou isso para mim.

Eu escrevi ‘Y.M.C.A.’ sobre o que conhecia: natação, basquete, atletismo, comida barata e quartos baratos no YMCA de áreas urbanas como São Francisco. Quando digo ‘hang out with all the boys’ [‘sair com os caras’, em tradução livre], isso era apenas uma gíria comum entre os negros nos anos 1970.

Assim, a ideia de que ‘Y.M.C.A.’ é um hino gay é completamente equivocada.

Por isso, como fui eu quem escreveu a letra, e sei do que se trata, a partir de janeiro de 2025, minha esposa começará a processar qualquer organização que insinue que a música é um hino gay.

Contudo, não me importo que os gays vejam a música como um hino. Mas é importante reconhecer que ‘Y.M.C.A.’ é, na verdade, uma música universal, presente em casamentos, bar mitzvahs e eventos esportivos. Não é, e nunca foi, apenas um hino gay.

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