As 5 canções mais provocativas de Rita Lee
Relembre composições marcadas pela rebeldia que popularizou a cantora no país e no mundo
Rita Lee, a rainha do rock brasileiro, deixa para o país um legado imensurável. Com uma postura crítica que nunca abandonou suas composições, Rita criou letras que ficaram conhecidas por uma rebeldia saborosa e intrínseca à personalidade da artista. Muitas de suas músicas, inclusive, foram alvo da caretíssima censura da ditadura militar: alguns pesquisadores apontam que Rita foi uma das artistas mais censuradas do período. Relembre algumas das mais provocativas canções com as quais cantora presentou a música brasileira:
Lança Perfume (1980)
Seu segundo álbum solo, fruto da parceria com o guitarrista e marido Roberto de Carvalho, é um baú de canções incontornáveis — mas uma delas em particular marcou uma era no país. Tamanho foi o sucesso de Lança Perfume que sua grandeza atravessou o oceano, onde ficou dois meses no topo das paradas da França, colaborando na popularização da música local lá fora. Com uma guinada pop, ela é ousada ao falar de sexo: Me vira de ponta cabeça / Me faz de gato e sapato / E me deixa de quatro no ato / Me enche de amor”.
Banho de Espuma (1981)
No ano seguinte, mais um disco de Rita Lee veio ao mundo. Batizado de Saúde, inclui faixas inesquecíveis da cantora, dentre elas Banho de Espuma. Originalmente intitulada “Afrodite”, a música foi censurada pela ditadura e só pôde ser lançada após alterações em palavras mais explícitas da letra, na qual a artista narra um momento de intimidade com a pessoa amada: Fazendo massagem, relaxando a tensão / Em plena vagabundagem, com toda disposição / Falando muita bobagem, esfregando com água e sabão.
Cor de Rosa Choque (1982)
Outra canção de Rita Lee vítima dos censores do regime militar foi Cor de Rosa Choque. Originalmente intitulada As Duas Faces de Eva, a composição diz: Mulher é um bicho esquisito / Todo mês sangra / Um sexto sentido maior que a razão. A justificativa para a proibição era de que uma referência ao ciclo menstrual da mulher poderia suscitar “indagações precoces em torno do assunto”. Após dois anos e vários recursos, a música foi finalmente liberada para ser gravada e lançada no disco Rita Lee e Roberto de Carvalho, porém com restrições para ser transmitida na rádio e na televisão. A canção ficou marcada por celebrar a força feminina e questionar a noção historicamente machista de “sexo frágil”.
Arrombou O Cofre (1983)
Apesar de deixar sua marca com temáticas relacionadas à liberdade sexual, sobretudo feminina, Rita também colocou o dedo na ferida dos poderosos ao falar sobre política. Arrombou O Cofre, do disco Bombom, critica a corrupção e figuras da vida pública brasileira ligadas a ela, dando nome aos bois: Paulo Maluf e Jânio Quadros são alguns dos políticos citados na letra. Até mesmo Solange Hernandes, conhecida como Dona Solange, uma das maiores censoras da ditadura, ganha um verso: Na linha dura basta a Solange da censura. A canção foi, claro, barrada — mas Rita a gravou mesmo assim. A faixa chegou a ser riscada manualmente em algumas tiragens do LP.
Obrigado Não (1997)
No final dos anos 1990, uma composição da cantora misturou inúmeras polêmicas em uma só letra. Parte do álbum Santa Rita de Sampa, a faixa Obrigado Não fala sobre aborto, casamento gay, ditadura militar, comunismo e legalização das drogas. Sempre provocativa, a rainha do rock entoa: Quanto mais proibido / Mais faz sentido a contravenção / Legalize o que não é crime / Recrimine a falta de educação.