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1º dia de Rock in Rio vai do funk carioca ao sucesso internacional do trap

Como a Cidade do Rock do festival se transformou na Cidade do Trap com 21 Savage e Travis Scott

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 set 2024, 09h58 - Publicado em 14 set 2024, 02h00

A primeira vez que o funk tocou no Rock in Rio não foi em solo nacional. Em 2018, quando Anitta se apresentou no Rock in Rio Lisboa, um novo caminho foi pavimentado, comprovando que o ritmo carregava os elementos que um dia fizeram parte do modo de vida dos roqueiros: sexo, diversão e dinheiro, muito dinheiro. Deu certo e a cantora repetiu a dose em 2019 no Brasil, com um show no Palco Mundo e, mais uma vez, em Lisboa em 2022. 

O território neutro de Lisboa, que serviu de balão de ensaio para a inclusão do ritmo tão carioca quanto o samba e a bossa nova, culminou nesta quinta-feira, 13, com um dia totalmente dedicado ao funk e ao trap, uma variação mais melódica do funk, mas com a mesma força para falar com os jovens que o rock já foi um dia.

Prova disso foi o show de abertura, no palco Sunset, com o Funk Orquestra convida MC Daniel, Rebecca e MC Soffia. Numa rara mistura de instrumentos clássicos com funk, o show mesclou a força da canção pop com pitadas de música clássica. O dia seguiu com astros cujos nomes podem soar completamente estranhos para os mais velhos, mas que são celebridades absolutas do momento, com suas músicas entre as mais ouvidas do dia. Matuê, Wiu, teto, 21 Savage, Travis Scott, Veigh, Kayblack e outros fizeram o público pular e até abrir rodinhas de pogo ao estilo dos melhores shows de punk. Não sabe que artistas são esses? Pergunte para o seu filho ou sobrinho. Ele vai te dar uma aula. 

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O ponto negativo do dia foi o quase cancelamento da apresentação de Ludmilla. A artista alegou que parte do cenário que ela havia planejado levar para o festival não havia sido autorizado. O festival alegou que os objetos atrapalhariam a logística das apresentações seguintes, mas ecoam um problema grave que o Rock in Rio enfrenta desde a primeira edição: os gringos aparentemente sempre têm prioridade. Ainda que neste ano o festival tenha dedicado um dia apenas para músicos brasileiros. 

Depois de uma negociação nos bastidores, Ludmilla cedeu (bem mais) daqui, o Rock in Rio cedeu (um pouco) de lá e chegou-se ao (quase) meio-termo. Ludmilla se apresentou, mas no final, em entrevista ao Multishow, disse que não fez o show que havia preparado. “Muita coisa não foi como eu gostaria, mas no final de tudo foi lindo”, disse.

A mesma reclamação já havia sido feita por Anitta, lá atrás. Em 2022, Anitta disse que nunca mais pisaria no Rock in Rio porque o festival tratava os artistas locais como se estivesse fazendo um grande favor.  Para além do problema com Ludmilla, o Rock in Rio, ao transformar a Cidade do Rock em Cidade do Trap, demonstrou estar conectado com uma nova geração de fãs e de olho na ascensão fulminante do novo ritmo.

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