Lula está com problemas.
Ops, parece que comecei com uma pérola de obviedade, mas o fato é que estou me referindo aos problemas psicológicos que atormentam o ex-presidente condenado a 12 anos de prisão. Desde anteontem ficou claro que ele sofre da Síndrome do Reizinho Mimado, também conhecida como Síndrome do Imperador, um mal típico em crianças tratadas a pão-de-ló que começam a se comportar como se fossem a encarnação do Messias entre os mortais.
— Quem está no banco dos réus é o Lula — disse ele —, mas quem foi condenado foi o povo brasileiro!
É espantoso que Lula não veja problema em se colocar como uma espécie de metonímia do país, uma lenda, uma estátua falante, um símbolo tão completo de brasilidade que estaria acima das leis e das instituições. Com arrogância infantil, fala de si mesmo na terceira pessoa e usa a própria voz para se igualar a personalidades históricas como Nelson Mandela e até Jesus Cristo.
Menos, Lula. Sabemos que o desespero justifica tudo, mas assim já é demais.
— Esperem porque vamos voltar — continuou o ex-presidente. — Essa provocação é de tal envergadura que me deu uma coceirinha e agora eu quero ser candidato!
Será que ouvimos direito? Ele quer voltar ao Planalto porque está com o ego comichando? Ou será que deseja se vingar dos juízes que o condenaram? Disse e repetiu que não possui razões para aceitar a decisão do TRF4. Se aceitasse, perderia o respeito da neta de seis anos e dos próprios filhos. Não vamos profanar a privacidade da criança, mas perder o respeito dos filhos é um problema realmente grave. Todo mundo sabe que é mau negócio ficar em baixa com os milionários.
E já que bobeira pouca é bobagem, Lula criou o Dia do Aceito, paródia do Dia do Fico de D. Pedro I, como se estivesse hesitando em se candidatar e só agora, graças ao clamor popular, foi obrigado a ceder às exigências da nação.
— Obviamente que não estou feliz — perorou —, mas duvido que alguns deles que me julgaram estão com a consciência tranquila como estou hoje com vocês.
Em suma, Lula precisa de ajuda psicológica urgente. Verdade seja dita, ele não tem culpa das adulações que veio recebendo dos colegas de partido desde a década de 1980. Tanto foi tratado como mito revolucionário, Filho do Brasil e “pai dos pobres” que ele mesmo chegou à conclusão de ser uma força da natureza. Lula é infalível! Lula é o cara! Lula não pode ir em cana, mesmo que tenha usado o cargo e o prestígio para cometer os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Que alguém explique a ele como funciona a trajetória de um mito. Há o nascimento inesperado, o apogeu cheio de glórias, o declínio e o ocaso. Quanto à tal coceirinha, não seria mau presenteá-lo com uma daquelas mãozinhas de plástico que alcançam as costas.