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Anotem aí: Luciano Huck será candidato ainda em 2018

O apresentador da Globo disse que não disputará a Presidência, mas tudo indica que está blefando

Por Maicon Tenfen Atualizado em 29 nov 2017, 18h24 - Publicado em 29 nov 2017, 01h49
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  • No artigo em que renuncia à candidatura a presidente, Luciano Huck fez a seguinte comparação:

    — Como Ulisses em A Odisseia, nos últimos meses estive amarrado ao mastro, tentando escapar da sedução das sereias, cantando a pulmões plenos e por todos os lados, inclusive dentro de mim.

    A citação da epopeia grega não é gratuita. Por causa de uma ofensa a Poseidon, o deus dos mares, Ulisses é forçado a navegar a esmo, por vários anos, sem condições de seguir o caminho correto até Ítaca, onde reencontraria a esposa Penélope e o filho Telêmaco.

    Numa análise mais apressada, poderíamos dizer que Luciano Huck está tão perdido quanto Ulisses e por isso resolveu adiar essa bobagem de “mamãe-quero-ser-presidente” para se manter seguro nas amarras do mastro. Melhor um pássaro na mão do que dois voando, certo?

    Errado.

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    Nunca é bom subestimar a ambiguidade dos clássicos — e da política!

    É verdade que Ulisses resistiu às sereias, mas depois desfrutou das delícias de Calipso, a ninfa que lhe ofereceu a imortalidade. É a velha tática de blefar agora para vencer depois. Como todo leitor de Homero sabe, a ESPERTEZA é a maior característica de Ulisses.

    Por que Luciano Huck continuou falando como presidenciável após virar as costas para o pleito? “Se eu fosse candidato, já teria um gabinete montado!”. Estaria adubando o terreno para 2022? Não: está apenas cumprindo as premissas do herói que imagina ser. Hoje a história do mastro, amanhã a “aceitação” da candidatura.

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    Na segunda-feira à tarde, no fórum que Veja organizou em São Paulo, Luciano agiu como se estivesse no palácio do Rei Alcino. Numa retrospectiva “épica”, remontou a sua trajetória de Troia até a Ilha dos Feácios, ou melhor, da Globo até a candidatura que teriam lhe jogado nas costas.

    — Meu nome é Ninguém! — disse ao ciclope Polifemo, isto é, ao olho incansável da opinião pública.

    A jogada é de mestre. Que outros sejam atacados e devorados enquanto ele se esconde numa pele de cordeiro. O que mais deseja, assim que furar o olho de Polifemo, é chegar à praia — se possível sem ferimentos — e berrar para quem quiser ouvir:

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    — Como Ulisses, o rei de Ítaca, sou Luciano, o bom moço, e aceito a missão que o povo me confiou.

    Anotem aí: teremos um presente de grego em 2018.

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