Daqui a uma semana, o ministro Nelson Teich, da Saúde, divulgará seu plano de desmonte do isolamento social adotado como meio de combate à pandemia do coronavírus. Caberá então a governadores e prefeitos pô-lo ou não em prática, como decidiu recentemente o Supremo Tribunal Federal. A responsabilidade será deles.
Mas, na prática, o isolamento já começou a acabar sob a pressão do presidente Bolsonaro e de empresários preocupados em salvar a Economia. Bolsonaro é a favor do passe livre para o vírus. Quanto mais brasileiros forem contaminados, menos restarão para ser. Se a Economia for para o brejo, levará junto o governo e a reeleição.
A marca de três mil mortos deverá ser ultrapassada hoje. Nas últimas 24 horas, o vírus matou por aqui mais 165 pessoas. Foram quase sete por hora, uma morte a cada nove minutos. O total oficial de mortos, de fevereiro para cá, é de 2.906. E de contaminados, 45.757. Os números estão bem aquém da realidade.
O pico da primeira onda da doença deverá se abater sobre o país entre meados e final de maio. Haverá uma segunda onda. Os Estados Unidos trabalham com a hipótese de haver uma terceira. Nem por isso as medidas restritivas serão mantidas aqui e lá. Bolsonaro reza pela cartilha de Trump, candidato à reeleição.
Em Santa Catarina, ontem, os shoppings reabriram e foram registradas grandes aglomerações de pessoas. Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) anunciou que parte do comércio poderá reabrir suas portas a partir do próximo dia 11. Hoje, o governo do Rio deverá decidir algo parecido.
No Rio Grande do Sul, a volta parcial à normalidade começará em breve. A princípio, a volta às aulas no Distrito Federal está marcada para o dia 18. Pelo menos mais oito Estados avançam na mesma direção. Naturalmente, falta combinar com o vírus que já matou no mundo quase 180 mil pessoas e contaminou 2,6 milhões.
Um governo incapaz de fazer chegar com rapidez 600 reais mensais às mãos dos mais vulneráveis não é capaz de mais nada – a não ser fabricar crises, perseguir adversários e segurar em alça de caixão. É isso o que acontece. O adiantamento previsto da segunda parcela da ajuda de 600 reais foi cancelado por falta de dinheiro.
Sem o aval do Ministério da Economia, o ministro Braga Neto, chefe da Casa Civil da presidência, antecipou o lançamento de um plano de recuperação econômica pós-covid 19 que prevê aumento dos gastos com investimentos públicos para os próximos anos. O plano é vago e carece de recursos para ser executado.
Por ora, o governo bate cabeça e dá sinais de que está perdidinho da silva.