O governador Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, saiu do modo letargia e mandou a polícia desmontar três acampamentos de bolsonaristas radicais que ocupavam áreas da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Além de choro e de ranger de dentes, a reação dos desalojados limitou-se a um passeio desafiador sobre a cúpula do prédio do Congresso a título de ameaça de invasão, e disparo de fogos de artifício sobre o prédio do Supremo Tribunal Federal.
Então Ibaneis sentiu-se estimulado a decretar o fechamento da Esplanada neste domingo, proibindo manifestações de cunho antidemocrático. E num ato raro de coragem, disse: “Bolsonaro é presidente, mas quem governa o Distrito Federal sou eu”.
Cabe ao governo federal arcar com as despesas de saúde, educação e segurança pública do governo local. É por isso que nenhum governador ousa contrariar o presidente. Os dois acabam se entendendo e jogando juntos, ou mais ou menos.
Apesar das pressões de empresários e de entidades patronais, se tivesse dependido apenas de Ibaneis, ele não teria afrouxado tão cedo as medidas de isolamento social contra a pandemia. Afrouxou sob a pressão de Bolsonaro, e o resultado não está sendo bom.
Os que ficaram sem acampamento prometeram pedir socorro ao presidente. Mas até esta madrugada, o socorro limitou-se à visita de solidariedade que lhes fez o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o Zero Três, a mando do pai. Posou para fotos e foi embora.
Movimentos sociais pretendiam protestar, hoje, na Esplanada, contra a discriminação racial e a favor da democracia. Ibaneis não esclareceu se a ordem de fechá-la vale para eles também. Não faz sentido que uns paguem pela desordem dos outros.