O espanto e o silêncio ditaram, ontem, o comportamento das cabeças mais coroadas da República. Algumas bocas se abriram apenas para dizer que não tinham assistido ao Jornal Nacional e, assim, não poderiam comentar a reportagem que envolveu os Bolsonaros no caso da morte da vereadora Marielle Franco.
Mas, entre si, as cabeças trocaram confidências e até aproveitaram reuniões já marcadas para manifestar sua preocupação com os possíveis desdobramentos do episódio. Concordaram que a TV Globo não levaria ao ar o que levou se não tivesse absolutamente segura da procedência das informações.
E mais: se não dispusesse de novas informações para divulgar nos próximos dias, talvez a partir de hoje. A Polícia Civil do Rio tem imagens da saída do carro do condomínio onde morava o presidente Jair Bolsonaro transportando os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, acusados de terem matado Marielle.
É possível que tenha também o áudio dos telefonemas onde o porteiro do condomínio informa a quem estava na casa de Bolsonaro que para lá se dirigia um homem de nome Élcio. A essa altura, já pode ter sido identificado o dono da voz que de dentro da casa de Bolsonaro autorizou a entrada de Élcio.
Hoje, na Câmara e no Senado, a oposição fará muito barulho em torno do assunto. A orientação de líderes de alguns partidos é para que não se acuse Bolsonaro diretamente de nada, mas que se cobrem explicações sobre o que possa ter ocorrido. Ninguém sabe se Flávio e Eduardo despacharão em seus gabinetes.
A facção do PSL ligada a Luciano Bivar, presidente do partido, estava disposta a ir para cima dos Bolsonaros.