Relâmpago: Revista em casa por 8,98/semana
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Quem pariu Mateus que o embale (por Felipe Sampaio)

Seria vergonha de ter participado de uma gravidez tão enganosa?

Por Felipe Sampaio
8 mar 2021, 12h00

Atribui-se inúmeras origens ao ditado popular “quem pariu Mateus que o embale”. Há quem diga que se refere à má escolha, por parte de Jesus, do cobrador de impostos Mateus para seu time de apóstolos. Fala-se também que decorre do costume machista de que a mãe seja a única responsável pelo trabalho de cuidar dos filhos.

Outra versão defende que se trata de uma corruptela do dito “quem pariu, mantém e balança”.

No final das contas, todas as explicações levam a um mesmo significado. Quem criou determinado problema que administre suas consequências e se responsabilize pela sua solução.

É bem verdade que o ato de parir, por si só, já é uma tarefa das mais dolorosas e, algumas vezes, arriscada. Triste, por exemplo, era a vida da galinha dos ovos de ouro, das Fábulas de Esopo, que repetidamente paria fortunas das quais nunca teria a chance de usufruir.

Naturalmente, somos testemunhas de que isso não é o que ocorre quando alguém resolve dar à luz uma candidatura eleitoral, seja ao Executivo, seja ao Parlamento, nos níveis federal, estadual ou municipal. Nesse caso, quem concebe o filhote não pretende perdê-lo de vista.

Continua após a publicidade

Nenhum outro campo da experiência humana é tão apropriado para a aplicação do ditado de Mateus como o ambiente da política. Quando a coisa dá errado, ninguém se apresenta como mãe da ideia.

Contudo, é imprescindível que os diversos segmentos da sociedade, assim como suas instituições, mantenham vivas sua memória e sua lucidez acerca dos processos políticos que se desenvolvem em seu ventre.

Todo partido, todo candidato e toda ideologia nascem com o envolvimento de algum segmento social ou econômico, que em alguns casos atua como mãe, em outros como pai, e até mesmo como parteira ou anestesista.

Continua após a publicidade

Afinal, conforme comprovado pelo cientista Louis Pasteur ainda no século XIX, não existe abiogênese, ou geração espontânea. Se alguém foi eleito, alguém o fecundou e o gestou.

É compreensível e até desejável que a população reveja suas escolhas e suas opiniões sempre que se decepcionar com os resultados apresentados pelos seus escolhidos para cargos públicos, assim como acontece normalmente entre patrões e seus funcionários nas empresas.

Esquisito é quando um presidente da república é eleito com dezenas de milhões de votos e, ao colocar os pés pelas mãos em todos os assuntos sob sua responsabilidade, não aparece ninguém além da sua claque que assuma a paternidade ou maternidade política.

Continua após a publicidade

Seria vergonha de ter participado de uma gravidez tão enganosa? Ou de ter caído em um conto do messias? Ou seria um tipo de desfaçatez equivalente à que se utilizou ao se proceder a fertilização in vitro de uma vitória de momento, que nunca teve perspectiva real de dar crias sadias?

Todas as parcelas da cidadania brasileira que ofereceram seus fluídos e barrigas para a inseminação da realidade de que reclamam hoje precisam revisitar aquele momento mágico em 2018 no qual se deu a sedução e o enlace.

Desejava-se, mais que tudo, e cegamente, o sepultamento do adversário? Almejava-se privatizações a torto e a direito? Acreditava-se na infalibilidade da gestão militar? Que Deus tudo proveria? Que a Terra é plana? Que não haveria corrupção e clientelismo? Não haveria velha política nem centrão? Mais armas e menos florestas? Mais baladas e menos solidariedade?

Continua após a publicidade

Como diziam os antigos, “quem pariu Mateus que o embale”.

 

Felipe Sampaio escreve no Capital Político. Ele é colaborador do projeto Centro de Soberania Clima e Desenvolvimento Sustentável; Ex-Secretário Executivo de Segurança Urbana do Recife (2019-2020); chefe da Assessoria de Relações Institucionais do Ministério da Segurança Pública (2018);e Chefe da Assessoria de Projetos do Ministério da Defesa (2016 – 2018); Assessor Especial do Ministro da Reforma Agrária no governo Fernando Henrique Cardoso; consultor em desenvolvimento sustentável, regional e em programas governamentais e multilaterais, em Ongs e empresas; palestrante e autor de publicações em fóruns no Brasil e no exterior.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.