É questão de vida ou morte para o PT sem voto, que precisa em desespero eleger e reeleger deputados, senadores e governadores, que Lula continue preso. E que fique preso pelo menos até depois do segundo turno da eleição.
O ideal seria que ele fosse solto e pudesse ser candidato a presidente. Aí o PT iria para o céu. Mas soltá-lo agora, sem que possa concorrer, seria um desastre para o partido. Reduziria suas chances de se dar bem nas urnas.
Lula está cansado de saber disso. Mas como imagina que poderá – quem sabe? – eleger Fernando Haddad presidente, topou jogar o jogo. Por falta de escapatória, também. A eleição de Haddad seria o único passaporte de Lula para a liberdade a prazo curto.
Mais do que somente para a liberdade. Para ser beneficiado por um indulto presidencial. E para compartilhar o governo com Haddad. No limite, para que Haddad e a vice Manuela d’Ávilla renunciassem, forçando a convocação de nova eleição.
Quem seria então o candidato do PT a presidente? Adivinhe! Delírio tudo isso? Outro dia, o ex-ministro Gilberto Carvalho, o alter ego de Lula, disse ao jornal Gazeta do Povo, do Paraná:
“Na campanha, vamos deixar claro para o povo o seguinte: votar no Haddad é votar no Lula. É o Lula quem vai governar. Vamos tirar o Lula da cadeia em algum momento. E vai sair direto para o Palácio do Planalto para governar junto com Haddad.”
Empenhada em proteger Lula do juiz Sérgio Moro que ameaçava prendê-lo à época, Dilma presidente nomeou-o chefe da Casa Civil, o segundo cargo mais importante do governo. A nomeação acabou abortada por ato do ministro Gilmar Mendes.
Haddad está conformado em servir a Lula na campanha como boca de aluguel. Quanto mais demorar para que o substitua como candidato, melhor para Haddad nos seus cálculos, mas muito melhor para o PT sem votos e “luladependente”.
– Estou aqui pra representar Lula e fazer chegar ao povo mineiro as propostas do Lula e reinstalar a República no país – afirmou, ontem, Haddad em uma entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte.
Na vida real, o candidato será Haddad. Mas no mundo da fantasia do PT, os eleitores enxergarão Lula em Haddad. Enganá-los – esse é o objetivo. Para evitar que o PT colha uma nova derrota humilhante como a das eleições municipais de há dois anos.