Texto do dia 07/08/2015
A arrogância que pontua a trajetória do PT desde a sua fundação e que agora, além de tudo, o paralisa, foi responsável pela ausência de qualquer admissão de erros no programa de televisão exibido ontem à noite. A não ser que se entenda como tal a pergunta feita pelo ator José de Abreu, o apresentador do programa:
– Não é melhor a gente não acertar em cheio tentando fazer o bem do que errar feio fazendo o mal?
Quer dizer: o PT acertou em tudo o que fez até aqui. Pode não ter acertado em cheio, mas acertou em tudo. Não foi melhor do que se errasse feio fazendo o mal? Se errou foi porque tentou fazer o bem.
Empulhação.
Outra ausência notada no programa: a palavra corrupção. Inacreditável que não se tenha dirigido uma única explicação aos brasileiros a respeito disso.
Seria pedir demais que condenassem os petistas que se envolveram com corrupção. Mas poderiam ter elogiado a Operação Lava Jato. E reafirmado o compromisso do partido com a luta contra a corrupção.
As mentiras ditas por Dilma na última campanha eleitoral ficaram de fora do programa. Ela acusou, por exemplo, Marina Silva de preparar um ajuste que tiraria a comida do prato dos brasileiros.
Dilma disse que Aécio, se eleito, cortaria programas sociais e causaria o desemprego de milhões de pessoas. O programa não poderia ter abordado essa questão mesmo de passagem?
Não o fez. Repetiu supostas realizações do governo que as pessoas nem querem mais saber porque passaram a desconfiar de tudo. E ainda debochou dos paneleiros.
Debochar dos que batem em panelas para manifestar seu descontentamento equivale a provocar 7 entre 10 brasileiros que rejeitam Dilma e seu governo, de acordo com o Datafolha. Há algo de inteligente nisso? Ou só de arrogante?
Sem discurso, sem aliados fieis, sem líderes, sem futuro promissor a curto ou médio prazo, o PT vê o governo que apoia, ou que mal apoia, desmanchar-se a cada dia.
O governo envelheceu sem sequer ter completado um ano. A presidente entregou ao seu vice o protagonismo que num regime presidencialista só a ela pertenceria.
De sua parte, Temer começa a se desgastar pelo desempenho de um papel para o qual não foi eleito. Não foi sequer votado. Arrisca-se a cair numa armadilha mortal.
Quer só socorrer a presidente a pedido dela. Mas pode parecer o ambicioso que aproveita o momento de fraqueza do titular do cargo para tentar passar-lhe a perna.
Na boca do palco desde janeiro último, Temer já deu o que poderia dar. Não domesticou o PMDB, seu partido. Nem o presidente da Câmara, seu companheiro. O sucesso do ajuste fiscal foi para o espaço sem que Temer tivesse culpa alguma disso. A função de distribuir de cargos públicos esbarrou na sabotagem de ministros.
É tentador estar permanentemente sob os holofotes da mídia e ser bajulado pelos que desejam ou apostam em sua ascensão à presidência. Mas não é prudente. E muitos dirão que nem correto.
Aproveite o cansaço e se recolha à calmaria do Palácio do Jaburu, a poucos metros do Palácio da Alvorada, e à condição de vice decorativo. Se o destino for o de trocar de palácio, isso ocorrerá à sua revelia.