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Ponto de ironia

“Fazer ironia” é exprimir o contrário do dito, feito ou pensando.

Por Tânia Fusco
Atualizado em 30 jul 2020, 20h16 - Publicado em 9 out 2018, 14h00

É o que falta à língua portuguesa. Teríamos então 11 pontos. E o presidenciável capitão, por exemplo, nem precisaria de autorização médica para ir aos debates do segundo turno.

Era só sentar na bancada e, docemente, explicar que tudo que disse nos 27 anos de vida pública foi ironia.

Depois de saudar Deus e a família, didático, começará ensinando que “fazer uma ironia” é escrever, dizer ou perpetrar um gesto com a intenção de exprimir exatamente o contrário daquilo.

Entendido isso, fica tudo explicado. Ele, pobre, foi até aqui mal-entendido por culpa da língua portuguesa que não tem o maldito ponto de ironia.

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Ó só que facilidade? Única resposta para elucidar tudo. Muito melhor do que dizer que foi brincadeirinha aquilo tudo que está gravadinho da silva.

Convenhamos, não dá para convencer que, só de brincadeira, elogiou torturador no voto ao vivo, em cadeia nacional. Dizer que foi ironia é mais fácil de colar.

Como não existe o ponto, também falta a entonação adequada, capaz de expressar sem suscitar dúvidas que o nada cristão elogio à tortura era uma ironia.

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(Vai que, nessa altura da campanha, um padre, pastor, bispo ou obreiro se dê conta que Jesus é o mais famoso dos inocentes torturados. Morreu torturado em praça pública justamente porque defendia esse tal de mundo mais justo, sem desigualdade, falsos profetas, usura e violência. Cristão não pode defender a tortura. Ou pode? A Bíblia é clara sobre isso?).

Pense o general-vice poder clarificar: foi só uma ironia dizer que o neto ficou mais bonito porque branqueou? E por aí vai.

Tudo foi ironia, que as pessoas maldosas ou, digamos, pouco aprimoradas intelectualmente entendem no modo literal. (Coisa corriqueira, por exemplo, nas redes sociais). Escreveu isso, falou isso, significa isso?

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Nani, nani, nani. Entre o dito e o não dito há a ironia que, por falta do ponto, provoca o desentendimento.

O ponto de ironia – ideia de um amigo do amigo – poderá inclusive virar parte do programa de governo para as áreas de Cultura, Relações Exteriores ou até de Economia.

Vai que o Mercado compra a ideia e, patrocinando a criação, prometa: emplacado o ponto novo, por quatro anos, o dólar não vai subir, nem a bolsa cair. Resenha perfeita para lacrar na eleição.

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Em tempo:

1.Elástico e democrático, o ponto de ironia atende mentirosos de qualquer palanque. Deu canelada, falou o que não devia, assustou o eleitor? Manda essa: Foi ironia. Como falta o ponto…

2.Desafio geral: Qual será o sinal para indicar o ponto de ironia? Arma virada pra cima? Apontada? Outros?

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3.Falsa erudição: O conceito de ironia socrática, introduzido por Aristóteles, refere-se a uma técnica integrante do método socrático. Neste caso, não se trata de ironia no sentido moderno da palavra. A técnica de Sócrates, demonstrada nos diálogos platônicos, consistia em simular ignorância, fazendo perguntas e fingindo aceitar as respostas do interlocutor (oponente), até que este chegasse a uma contradição e percebesse assim os erros do próprio raciocínio. (Wikipédia).

 

Tânia Fusco é jornalista, mineira, observadora, curiosa, risonha e palpiteira, mãe de três filhos, avó de três netos. Vive em Brasília. Às terças escreve sobre comportamentos e coisinhas do cotidiano – relevantes ou nem tanto  

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