Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Palíndromos e capicuas (por José Paulo Cavalcanti Filho)

Com palavras é mais divertido

Por José Paulo Cavalcanti Filho
Atualizado em 30 jul 2020, 19h05 - Publicado em 20 mar 2020, 14h00

Palíndromo, nos dicionários, é “Frase ou palavra que se pode ler, indiferentemente, da esquerda para a direita ou vice-versa” (Houaiss). Já um palíndromo com números seria capicua. Segundo Orlando Neves (Dicionário da origem das palavras), viria de cap (cabeça) mais cu (isso mesmo, o rabo). De lá para cá. E de cá para lá. Nessas férias de escrever, uma notícia que mereceu destaque foi 02/02/2020. Uma data capicua. Ainda considerando o fato de que, desde o começo do ano, se passaram 33 dias. Outra capicua. Só que a primeira dessas datas vem antes, 11/11/1111. A próxima, 12/12/2121, terá uma característica adicional. É que, então, se terão passados exatos 333 dias desde o começo daquele ano.  Como no caso anterior, mais uma capicua. Vindo, a seguinte, só em 03/03/3030. Quando alguns de nós nem estaremos vivos.

Com palavras é mais divertido. Primeiro palíndromo de que se tem notícia veio da Roma antiga. E está em latim, SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS. Algo como O semeador Arepo mantem o curso com atenção. Segundo Napoleão Mendes de Almeida (Questões vernáculas), alguns reis incas tinham nomes palíndromos. Como CAPAC. E a doença de quem tem medo mórbido com palíndromos é AIBOFOBIA. Um nome palíndromo, só faltava essa. Afonso Arinos de Melo Franco deu, nessa linha, título a um livro: AMOR A ROMA. Sofia Mariutti colecionou vários. Como Ô PADRE, MEU, QUE MERDA, PÔ!. O escritor Eno Teodoro Wanke (O livro dos palíndromos) chegou a publicar mais de 3 mil frases inteiras. Do tipo E AMAMOS SÓ MAMÃE, A DROGA DO DOTE É TODO DA GORDA ou E ATÉ O PAPA POETA É. Mesmo Chico Buarque se atreveu a fazer um, de gosto discutível, ATÉ REAGAN SIBARITA TIRA BISNAGA ERETA.

O iluminado mestre Secchin, da Academia Brasileira de Letras, desafiado, criou um na hora – ANA. E, depois, riu. Com esse título escreveu conto que acaba com SECO DE RAIVA, COLOCO NO COLO CAVIAR E DOCES. E ainda repete outros. Como O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO./ O MÍSSIL É BELÍSSIMO./ TEU DRAMA É AMAR DUETO./ IRENE RI./  A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA./ SÓ COM O TIO SOMÁVAMOS OITO MOÇOS./ ANOTARAM A DATA DA MARATONA. Finalizando com aquele de que mais gosta, AME O POEMA.

Há palíndromos poéticos, como esse de Rômulo Marinho: ÁVIDO? AMÁ-LA NA CAMA,/ NA MACA, NA LAMA, Ó DIVA! (Palíndromo do amor). Que, depois, deu origem, ao Palíndromo do amor total: ÁVIDO?/ AMÁ-LA NA TABA, NO TOCO DA CASA,/ NO MURO, NO PAÇO, NA POÇA,/ NA MACA, NA LIVRE SALA,/ SERVI-LA NA CAMA,/ NA COPA, NO CAPÔ, NO RUMO,/ NA SACA DO COTO, NA BATA, NA LAMA…/ Ó DIVA!. Há também, palíndromos idiotas. Como OI, RATO OTÁRIO. Engraçados, A PATETA AMA ATÉ TAPA. Absurdos, A DAMA ADMIROU O RIM DA AMANDA.  Ridículos, como OLÉ, MARACUJÁ, CAJU, CARAMELO. Ou SOCORRAM-SE, SUBI NO ÔNIBUS EM MARROCOS.

Noutras línguas, também. Em inglês: WHAT IT A CAT or A CAT I SAW? E DRAWN ODE, LISTEN…/ NO SPACE RISES UP./ ONE POEM AND I, VIVID,/ NAME OPEN OPUSES./ I RECAP SONNETS I LED ONWARD (The Poet). Ou espanhol:  ANÚLALO, ESSE DESEAR ES SED./ RARO MAL ES EL AMOR: ARDES./ ¿SERÁ ESE DESEO LA LUNA?” (Oren). Faltando só lembrar o amigo Millor, com A GRAMA É AMARGA. E que, certa vez, me confessou qual seria, para ele, o palíndromo perfeito: A MAN, A PLAN, A CANAL, PANAMÁ. O amigo leitor aproveite e, agora, faça também o seu. Boa sorte.

José Paulo Cavalcanti Filho – jp@jpc.com.br 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.