Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

O desprezo pela coisa pública

PSICANÁLISE DA VIDA COTIDIANA

Por Carlos de Almeida Vieira
Atualizado em 30 jul 2020, 19h10 - Publicado em 4 fev 2020, 13h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A história conhece muitos períodos de tempos sombrios, em que o âmbito público se obscureceu e o mundo se tornou tão dúbio que as pessoas deixaram de pedir qualquer coisa pública além de que mostre a devida consideração pelos seus interesses vitais e liberdade pessoal. Os que viveram em tempos tais, e neles se formaram, provavelmente sempre se inclinaram a desprezar o mundo e o âmbito público, a ignorá-los o máximo possível ou mesmo a ultrapassá-los e, por assim dizer, procurar por trás deles — como se o mundo fosse apenas uma fachada por trás da qual as pessoas pudessem se esconder —-,chegar a entendimentos mútuos com seus companheiros humanos, sem consideração pelo mundo que se encontra entre eles”.

    Hannah Arendt in —“Homens em tempos sombrios”(1955)

    Barragens mineiras com tragédias anunciadas; viadutos paulistanos ruindo a cada dia; o belo complexo do Teatro Nacional de Brasilia interditado há anos, jogados às baratas como se a Cultura representasse uma ameaça à civilização dos “coronéis da política”; crianças morrem de fome, o Estado do Ceará em chamas que mostram os castigos humanos do poder das Facções e do desprezo pelos governos ao tratar de maneira bárbara os presídios e os presidiários, pessoas à margem da civilização sem ter nenhum direito senão a indiferença afetiva e social das gestões públicas; os hospitais, inclusive da charmosa(?) capital da República matando mais do que curando; as escolas agora, com um futuro sombrio de uma educação sem liberdade de expressão; os corruptos e corruptores continuam sua saga de uma voracidade desvairada, determinando a morte de parte da população quando desviam as verbas públicas para a Saúde, Educação e Moradia; o sadismo mortífero de uma ideologia capitalista famigerada por riquezas e lucros, deixando as pessoas se submeterem ao que Hannah Arendt chamam “as banalidades do mal”.

    Nietzsche em seu livro “A Gaia Ciência”, chega a afirmar o que serve para os nossos dias atuais: “Vejo a má consciência como uma profunda doença que o homem teve de contrair sob a pressão mais radical das mudanças que viveu — a mudança que sobreveio quando ele se viu definitivamente encerrado no âmbito da sociedade e da paz[…]:havia um terrível peso sobre eles. Creio que jamais houve na terra um tal sentimento de desgraça, um mal-estar tão plúmbeo”.

    É tempo de mudanças radicais, a população já não suporta esse estado de “servidão humana”, onde os mais fortes e poderosos enredam as pessoas em suas tramas de uma politicagem falsa, eleitoreira e, além disso, revestida de uma pseudo-democracia. É bem verdade que a mentalidade política da população tem mostrado ínfimos avanços, mas é necessário mais, é pouco ainda. Cito como exemplo o descaso pelas obras públicas no Distrito Federal: viadutos que começam a ruir sem nenhum conserto; polícia de trânsito é fantasmagórica, só enxergamos em nossas avenidas, guardas trancafiados em suas viaturas, conversando. Será possível que ainda não se deram conta que guardas de trânsito ficam nas ruas, nos cruzamentos, usam apitos, ajudam o fluxo de trânsito nas ocasiões de engarrafamentos e acidentes? Os queridos e muito bem preparados Bombeiros são a nossa salvação, ainda bem! Quem dirige o trânsito na Brasilia de Lúcio Costa, são os próprios motoristas, sempre inquietos, agressivos e tendo verdadeiras crises “epiléticas” de caráter agressivo. Senhor Governador, que saudade dos tempos dos Administradores, dos tempos em que não havia a avidez de Deputados e Senadores! Brasília era bucólica, romântica, humana, feita alías para poucos habitantes. Hoje, nossa cidade se transformou num espaço gigante de um grande “curral eleitoral”. Estamos vivendo realmente, profundos tempos sombrios e de “homens partidos”, como poetou Carlos Drummond de Andrade.

    Carlos de Almeida Vieira – Médico, Psiquiatra, Psicanalista da Sociedade de Psicanálise de Brasília SPBsb, Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, Membro da Federação Brasileira de Psicanálise –  FEBRAPSI e da International Psychoanalytical Association – IPA

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.