Reconhecido como bom jogador de pôquer, e por isso mesmo acostumado a blefar, Lula mandou, ontem, um recado de dentro do cárcere de Curitiba a quem interessar possa: se fosse militante do PT de Pernambuco, já estaria em campanha pela candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo do Estado.
O recado interessa diretamente ao PSB do governador Paulo Câmara (PSB), candidato à reeleição. O PT negocia com ele a retirada da candidatura de Marília em troca do apoio do PSB à fantasiosa pretensão de Lula de disputar a sucessão do presidente Michel Temer.
O recado foi entendido pelos que cercam Câmara como um apelo desesperado de Lula por um acordo que contemple, pelo menos, o apoio do PSB em Pernambuco à renovação do mandato do senador Humberto Costa (PT). E – quem sabe? – o apoio também à eleição de Marília para deputada federal.
O PT pernambucano vai de mal a pior. Está isolado. O PC do B, seu antigo aliado, bandeou-se para o lado de Câmara e levou junto o ex-prefeito do Recife João Paulo, o único dentro do PT que de fato tinha votos. O trunfo que o PT ainda dispõe é Marília, neta de Miguel Arraes e prima de Eduardo Campos.
Uma candidatura dela deverá levar a eleição de governador para o segundo turno, e esse risco Câmara não gostaria de correr. Mas parece convencido de que terá de correr. Com ou sem acordo do PSB de Pernambuco com o PT, o partido no resto dos Estados apoiará Ciro Gomes (PDT) para presidente.