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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Nos braços do povo, com destino à cadeia

Que repouse em paz

Por Ricardo Noblat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 abr 2018, 14h22

A história universal está repleta de extraordinários e bem-sucedidos manipuladores de fatos – e não vale a pena, aqui, citar alguns para não sermos injustos com os outros.

A história do Brasil, não. Talvez porque ela ainda seja tão curta. E porque os manipuladores só funcionam bem quando podem se expressar livremente e para grandes plateias, experiência recente por estas bandas.

Com certeza, Lula foi o mais hábil manipulador de fatos que jamais conhecemos, e que agora sai de cena carregado por seu povo em direção à cadeia onde deverá mofar por um longo tempo.

Não importa que passe à História, mas não só, como o primeiro presidente da República do Brasil que foi condenado por roubar e deixar que roubassem, e que por isso acabou condenado e preso.

Para ele e os seus, sempre será a pessoa mais honesta do mundo, abaixo, se tanto, de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas somente dele, perseguido injustamente como Ele, igualmente martirizado, vítima de suas ideias.

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Para lá do que mais possa ser dito sobre Lula, e sem a pretensão de dizer nada de original, digo que a “Comissa” (comício + missa = comissa) foi um espetáculo circense bem pensado e bem produzido por ele.

Lula foi seu melhor marqueteiro. Os baianos Duda Mendonça e João Santana, por exemplo, não passaram de seus coadjuvantes. De meros aprendizes do gênio.

Nada faltou na “Comissa” – de padres contritos a bispo mestre de cerimônia, especialmente escalado para afirmar antes de Lula que 50% do “golpe” foi para tirar Dilma do poder, 50% para impedir a volta de Lula.

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Foi a “deixa” para que Lula repetisse o discurso aperfeiçoado passo a passo desde que se tornou alvo da Lava Jato. O discurso é sua carta-testamento não dirigida aos brasileiros, mas aos militantes do PT.

Não foi o “estadista” que a escreveu porque Lula nunca se comportou como tal, e lhe falta estatura para isso. Foi o presidente de um partido em apuros, ele e o seu partido, quem a escreveu como um pedido de socorro.

Ao legado de Lula, se juntará a contribuição involuntária dada por ele no seu último minuto de glória à consolidação da democracia entre nós. Que frágil democracia veria sem sobressaltos o que viu em cores e ao vivo?

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Vá em paz, Lula, se puder. E que o Senhor misericordioso o acompanhe. Amém!

(Em tempo: nada de ressuscitar.)

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