Salvo em igrejas evangélicas onde homens de boa fé como ele costumam ser bem recebidos, o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, não encontra a menor acolhida quando bate à porta de partidos e de políticos atrás de apoio para disputar a próxima eleição presidencial. E o pior: ainda imagina que poderá atrair apoios, sim.
O presidente Michel Temer não moverá um dedo por ele. Menos porque acredite nas chances de se reeleger. Ficará satisfeito em não sair escorraçado do Palácio do Planalto. E mais porque Meirelles, uma vez candidato, assumiria a paternidade por tudo o que o governo possa ter feito de bom na economia, deixando o resto na conta de Temer.
Temer sabe melhor do que ninguém que o PMDB, objeto do desejo de Meirelles, está longe de ser um partido confiável. Traiu Ulysses Guimarães em 1989 na primeira eleição presidencial pelo voto direto depois do fim da ditadura militar. Traiu Orestes Quércia na eleição seguinte. Nunca mais concorreu à presidência com candidato próprio.
É difícil que exista um partido mais partido do que o PMDB. Este ano, em pelo menos quatro grandes Estados, seus principais caciques já decidiram apoiar Lula ou o candidato que o PT indicar (Paraná, Minas Gerais, Alagoas e Ceará). Sem dinheiro de caixa 2, o objetivo do PMDB é investir a verba do Fundo Partidário na eleição de deputados e senadores.
Não se lhe dá quem sucederá a Temer. Seja quem for, precisará do PMDB para governar e com ele terá de se entender. Meirelles que procure quem queira lhe dar abrigo – não será o caso do PMDB. Muito menos o caso do PSD, partido de Meirelles, que está em outra. Está bem próximo de selar acordo para apoiar Geraldo Alckmin (PSDB).
Meirelles está fazendo papel de bobo e jogando dinheiro fora . Dele, pelas costas, os políticos acham graça.