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Lucienne Renaudin Vary, revelação do clássico e do jazz

MÚSICA

Por Flávio de Mattos
Atualizado em 4 jun 2024, 17h05 - Publicado em 21 set 2018, 14h00

Falar de jovens prodígios musicais é quase sempre muito chato. Parece, que se está valorizando demais a alguém que apenas se destaca da média. Mas esse não é o caso da trompetista Lucienne Renaudin Vary, que aos 19 anos, vem colecionando os prêmios mais importantes da música na França. Dona de um talento realmente excepcional, ela se impõe como a grande revelação musical francesa tanto na música erudita, como no jazz.

A opção pelo trompete, Lucienne fez, ainda muito menina, aos nove anos de idade. Ela já estudava iniciação musical no Conservatório Le Mans. Fazia piano e teoria musical. Em uma das aulas de solfejo, dois professores foram apresentados às crianças, para mostrarem como soavam alguns instrumentos. Ao ouvir o trompete, ela conta que, se apaixonou, imediatamente, por sua sonoridade.

A escolha logo demonstrou-se acertada, se as aulas de piano lhe causavam tédio, as lições de trompete a entusiasmavam muitíssimo. E os resultados vieram rápido. Com onze anos Lucienne ganhou o prestigioso concurso Selmer-Le Parnasse e ficou em terceiro lugar no Concurso Europeu de Jovens Trompetistas de Aleçon, em uma categoria para maiores de 14 anos. Sempre no campo da música clássica.

Aos 15 anos, Lucienne Renaudin Vary foi aceita no Conservatório Nacional Superior de Paris. Era a primeira vez na história da instituição que um estudante era admitido, para estudar, simultaneamente, os cursos de música clássica e de jazz. “Eu não poderia escolher entre o jazz e o clássico, para mim, os dois gêneros se completam. Eles são similares e, ao mesmo tempo, completamente diferentes”, reflete Lucienne.

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Ela não consegue lembrar quando começou sua ligação com o jazz. Sabe que foi ouvindo Chet Baker, ainda bem menina, também. “Para mim, Chet Baker é um deus”, diz Lucienne. “Quando ele sopra o trompete, parece que está cantando. Eu também me sinto assim, quando toco, como se estivesse cantando aquelas notas”.

Em 2016, Lucienne Renaudin Vary ganhou o importante prêmio Victoire de Música Clássica como Solista Instrumental Revelação, na França. Em 2017 gravou seu primeiro álbum, com um repertório composto por temas eruditos e clássicos do jazz. Entre estes destacam-se My Favourite Things e Summertime. Das peças eruditas temos Les Soirées Musicales, de Rossini e a apresentação do Ato 1 da ópera Giustino, de Vivaldi.

Neste 2018, Lucienne Renaudin Vary foi a atração de abertura do Festival Jazz in Marciac, na França, um dos eventos mais importantes do gênero, na Europa. É um trecho deste show que temos no vídeo a seguir. Ela cantando Águas de Março, de Tom Jobim. O repertório do Concerto contou ainda com várias canções gravadas por Chet Baker e uma belíssima interpretação de Retrato em Branco e Preto, no trompete de Lucienne Renaudin Vary.

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Flávio de Mattos é jornalista e escreve aqui sobre jazz a cada 15 dias. Dirigiu a Rádio Senado. Produz o programa Improviso – O Jazz do Brasil, que pode ser acessado no endereço: senado.leg.br/radio   

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