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Japoneses, parasitas, bananas e os brasileiros

Volta a faltar dinheiro para o iogurte e a geladeira nova na casa da maioria mais pobre

Por Tânia Fusco
Atualizado em 30 jul 2020, 19h10 - Publicado em 11 fev 2020, 12h00

João, casado e professor, tinha 25 anos quando, em 2013, conheceu Eduarda, sua aluna, de oito anos.  A menina vivia em um abrigo para órfãos e abandonados. Quis adotá-la, mas descobriu que ela era a mais velha de seis irmãos – a mais nova com dois anos. No grupo havia ainda um menino de seis anos e trigêmeas de quatro anos. Todos vivendo no abrigo.

O grupão não intimidou o casal que encarou o processo formal de adoção de todas as crianças. Em 2014, a família de João Nogueira somava seis filhos – Eduarda, Eduardo, Ana Clara, Maria Luiza, Mariana e Yasmim.

A façanha de generosidade e amor só foi notícia agora, em 2020, quando uma “vaquinha virtual” permitiu a compra de uma Kombi capaz de acomodar a família inteira na sua lida diária.

João contou na rádio que a produção da “vaquinha” foi presente de sua amiga oculta, no Natal. Esperavam conseguir parte do dinheiro para a compra da Kombi sonhada. O restante seria complementado com doações da família. Mas a solidariedade surpreendeu e, além da compra, a “vaquinha” ainda deu para um trato geral no veículo, de 2010, batizado pelos filhos de Kombão do amor.

A família vive no DF. Entre a adoção e a compra do Kombão, João encarou dois anos de desemprego, separação e novo casamento. Nada desuniu a grande família.

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Ou seja, podemos garantir ao colega Alexandre Garcia e ao Capitão Presidente que não é preciso importar japoneses para fazer o Brasil melhor. Há gente boa, corajosa e generosa no país. A maioria é assim. O que atrapalha, corrompe, desatina e desalenta são as cíclicas más gestões ou as gestões temerárias a que somos submetidos por temporários praticantes da beira do caos. Os tais que, prometendo muito, salvam uns poucos e abandonam milhares. Não há povo que sobreviva a isso, sem sequelas.

Houve esperança e orgulho de ser brasileiro em período recente, quando o Brasil ousou andar pra frente, quando os Governos, ainda que de diferentes partidos, não desfaziam os bens feitos dos seus antecessores. Ao contrário, ampliavam e consolidavam, particularmente, políticas inclusivas de atenção à maioria abandonada por gerações e gerações de governos gulosos, perversos e vendidos de baixo preço.

Exemplo mais visível, o Bolsa Família, que começou como Bolsa Escola, fez melhoria e crescimento chegar até às pequenas cidades. A economia mais solidária permitiu a muitos o consumo de comida e de bens antes reservados a minoria mais rica.

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Foi manchete ontem, 10 de fevereiro: “O governo Jair Bolsonaro congelou o Bolsa Família em uma a cada três cidades dentre os 200 municípios mais pobres do Brasil”. Municípios mais pobres! De doer. E dói.

Volta a faltar dinheiro para o iogurte e a geladeira nova na casa da maioria mais pobre. Para milhares, os apertos na economia, fazem faltar dinheiro até para a comida básica. Para esses, o arroz e o feijão diário voltam a ser luxo eventual.

Porque noticiam descalabros, atropelos e descaminhos do atual governo, no fim de semana, jornalistas receberam gesto de banana do sempre deselegante Presidente Capitão ou vice-versa. Na semana passada, o ministro de economia, na mesma tecla de depreciação e afronta, definiu como “parasitas” os servidores públicos.

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No modelo faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço, a perversa autoridade é antigo chupista dos sistemas de capitalização – que chama de “poupança garantida”, mas que só dá garantias reais aos guardiões da bufunfa capitalizada. Os de sempre. O povo chileno conhece de perto essa modalidade de abuso de desalmados governantes. No caso deles, Pinochet, com o ministro Chicago boy, nefando, na área – fazendo girar a roda do mal.

(Aos costumes, depois de grita geral, o comandante da economia desculpou-se pelo “mal-entendido”. Suas desculpas já foram banalizadas. A gente não tem cara de panaca. Até o Rei Momo sabe que elas não mudam o que ele pensa e sente e que escapa cada vez que se sente à vontade, entre os seus.).

Não há japonês que dê conta desses malignos. Faltam adjetivos para qualificar os Chicago Oldies da cena diária brasileira.

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Sem esquecer:

  1. Quem pagará por Mariana e Brumadinho?
  2. Quem matou Marielle?
  3. Como morreu Adriano, o miliciano que sabia demais?
  4. Cadê o Queiroz?

Tânia é jornalista 

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