Em setembro passado, ele já havia defendido publicamente uma intervenção militar no país. Não foi punido. Dois meses depois, disse que o governo do presidente Michel Temer só se mantinha de pé porque montara “um balcão de negócios”. Não foi punido.
Ao despedir-se, ontem, da carreira militar, o general Antonio Hamilton Mourão, secretário de Economia e Finanças do Comando do Exército, chamou de herói e exaltou as qualidades do ex-coronel Brilhante Ustra, famoso por ter torturado presos políticos durante a ditadura de 64.
Foi ouvido calado por seus colegas de farda e aplaudido ao fim do discurso no Salão de Honras do Comando Militar do Exército, em Brasília. A respeito dele, nas redes sociais, o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, escreveu:
“Na cerimônia de passagem para reserva do General Mourão – soldado na essência d’alma! -, sentimos emoção genuína e reconhecimento ao Exército. Todos te agradecemos amigo Mourão os exemplos de camaradagem, disciplina intelectual e liderança pelo exemplo”.
À saída da cerimônia, Mourão renovou seu apoio à candidatura a presidente do deputado Jair Bolsonaro (“Se tiver que subir no palanque, eu subo”), criticou os políticos (“As pessoas entram na política não para servir, mas para se servir”) e até a Justiça.
Está pronto para disputar em breve a presidência do Clube Militar, no Rio, que reúne oficiais como ele que passaram à reserva.