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Estradas do colapso

Três eixos explicativos da nossa paralisia atual

Por Chico Alencar
Atualizado em 29 Maio 2018, 15h00 - Publicado em 29 Maio 2018, 15h00

O maior buraco na via Brasil hoje é um governo federal incompetente, desarticulado e sem mínima credibilidade. Mas essa cratera, por si só, não explica a viagem acidentada que nos levou à crise dos combustíveis que engarrafa o país. Na síntese que o pequeno espaço aqui permite, apontaria três eixos explicativos da nossa paralisia atual:

1)A opção rodoviarista. Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, no século XIX, liderou a criação de ferrovias no Brasil. Até que tentou, mas fracassou. O que prevaleceu no século XX foi o rodoviarismo. Washington Luís, último presidente da República Velha, tinha como lema o “governar é abrir estradas”. E JK, na segunda metade dos anos 50, foi louvado por “substituir o jegue pelo jipe”. No início dos anos 60 o país tinha 38 mil km de estradas de ferro, o que correspondia a oito vezes o percurso do Oiapoque ao Chuí. No final dos anos 90 tínhamos 10 mil km… a menos! Só para comparar com um dos BRICs, a Índia tem 68 mil km de ferrovias. Lembre-se que nossas predominantes rodovias são precárias: do milhão e 700 mil km de estradas, apenas 211 mil estão pavimentados – apesar do complexo automotivo representar mais de 20% do PIB. De novo a Índia: ali há 1,5 milhão com asfalto.

2)A política de preços da Petrobras. Circulam no Brasil 2,2 milhões de caminhões – 40% desses são operados por autônomos, donos dos veículos. Os demais são de empresas, as que se beneficiam com a desoneração da folha de pagamento. Todos os motoristas enfrentam duras condições de trabalho, com fretes defasados, pedágios escorchantes e jornadas exaustivas, pois há prazos rígidos para as entregas. Em meio a esse quadro quase crônico, a Petrobras da gestão de Pedro Parente vinculou os preços dos seus produtos à variação do dólar e ao preço internacional do barril do petróleo, gerando uma oscilação semanal que arrebenta qualquer planejamento: no último ano, o gás de cozinha subiu 67%, o diesel 58% e a gasolina 53%! Além disso, a Petrobras optou por reduzir o refino interno. Em 2013, eram utilizados 100% da capacidade de nossas refinarias, e com isso se atendia a 90% da demanda interna. Agora, o refino é de apenas 76%. Cresceram as exportações do óleo bruto. Hoje, 24% do consumo interno dos derivados, como diesel e
gasolina, são importados, sobretudo dos EUA.

3)A ausência de reformas estruturais. Os problemas imediatos tendem a ser superados. O governo temerário vai se abrindo à pauta de justas reivindicações, mesmo comprometendo a arrecadação do Estado para programas sociais e para a Previdência. A rigor, sem uma mudança progressiva de nossa matriz energética de transporte – temos 50 mil km de rios navegáveis e abundância solar! – o gargalo evidenciado com o desabastecimento geral voltará. E sem uma Reforma Tributária também progressiva e radical, taxando menos a renda do trabalho e mais os ganhos dos rentistas do capital, continuaremos em crise, com o aprofundamento da desigualdade social.

*Chico Alencar é professor, escritor e deputado federal (PSOL/RJ) 

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