Muita violência, muito ódio, muitas news, fakes ou reais, desrespeito nas ruas, desrespeito na Internet, o Brasil dividido em dois, raiva de um lado e do outro, tudo muito confuso e muito assustador.
As ameaças sofridas pelo ministro Edson Fachin são de estarrecer. Não creio que algum dia se saberá quem as proferiu, mas tenho fé que a PF o protegerá e à sua família, para o bem dos Fachin e para o nosso Bem.
Li que muitos dos ministros do STF criticaram a revelação das ameaças feitas pelo ministro Fachin ao jornalista Roberto D’Ávila. Que isso os expôs muito. Ora, pílulas, o segredo só é a alma do negócio na propaganda. Na vida real, o segredo só alimenta a bandidagem.
Infelizmente, tivemos muitas notícias terríveis além dessa. O Rio alimenta muito da nossa tristeza, com a intervenção que parece estar mais no papel que na realidade. Tiroteios nas favelas passaram a ser arroz de festa. Quantas mortes, quantas vítimas do hediondo tráfico, quantas crianças sem futuro…
Os Três Poderes estão um contra o outro. Isso, procuro vasculhar minha memória, não me lembro de ter ocorrido antes. A impressão que o cidadão tem é que eles não pertencem ao mesmo país. É o Executivo de um país contra o Legislativo de outro e contra o Judiciário de ainda outro. Quando não é o caso: são os nossos Poderes que estão se digladiando. O que sobrará do Governo Federal? Ninguém sabe.
Acompanhar as notícias dói muito, em nossos dias. Mas é dor da qual não podemos fugir. Precisamos estar muito bem informados porque neste ano vamos ter eleições e não me parece que o Brasil terá outra chance de permanecer democrático se falhar na escolha nas próximas eleições. Agora, ou vai ou racha…
É vital que nos manifestemos. Isso não pode continuar assim.
Mas não adianta ter a ilusão de que vai ser fácil. Não vai.
Tenho amigos que ainda estão na ilusão de que a Instrução e a Educação são as armas que faltam para tirar o Brasil do sufoco. Quem não acompanha os comentários nas Redes Sociais pode até cultivar essa ilusão. Eu a perdi há meses. Vejo pessoas cultas e bem informadas usando um palavreado estúpido, grosseiro. Não sabem argumentar. Só sabem agredir e xingar.
Não estou exagerando. Querem um exemplo? O ministro Gilmar Mendes ao ser perguntado por um repórter da Folha de São Paulo se o STF pagou a passagem para sua atual vilegiatura em Lisboa, respondeu: “Devolva essa pergunta a seu editor, manda ele enfiar isso na bunda. Isso é molecagem, esse tipo de pergunta é desrespeito, é desrespeito”.
Pois é. De um ministro do Supremo não se pode dizer que a ele faltam Instrução ou Educação. Talvez falte equilíbrio…
Boa Páscoa, amigos. Para todos nós, para o Brasil.
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa é professora e tradutora, escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. www.facebook.com/mhrrs