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Escândalo bate à porta de Bolsonaro e pode virar mais uma crise

Na mira, o gabinete do ódio

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 9 jul 2020, 08h31 - Publicado em 9 jul 2020, 08h00

Em reforço à ideia de que ninguém mais do que Jair Bolsonaro é capaz de produzir provas contra ele mesmo, o Facebook removeu rede de contas de fake news ligadas a gabinetes dele e dos filhos e também ao PSL, partido pelo qual o presidente se elegeu.

Para não apontar as contas como fábricas de notícias falsas que é o que são, o Facebook preferiu referir-se a elas como “redes de comportamento inautêntico coordenado”. Mais elegante, por suposto, mas nem assim menos incriminador.

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O que fez o Facebook em nome do combate a perfis fakes com ataques à oposição e à mídia reforça a legitimidade do inquérito conduzido no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Alexandre de Moraes que investiga a mesma coisa há mais de um ano.

A rede agora desativada tinha 35 contas, 14 páginas e um grupo no Facebook, e 38 contas no Instagram. E era seguida por quase dois milhões de pessoas. Por trás da rede, o Facebook identificou funcionários dos gabinetes de Flávio, Eduardo e Jair Bolsonaro.

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Um desses funcionários se chama Tércio Arnauld Tomaz, atual assessor especial do presidente da República. Com ele trabalham José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz. O trio opera sob o comando do vereador Carlos Bolsonaro, o Zero Dois.

O gabinete do trio, onde despacha Carlos quando está em Brasília, fica no terceiro andar do Palácio do Planalto, ao lado do gabinete de Bolsonaro. É conhecido como “o gabinete do ódio”. É dali que partem ordens que orientam os bolsonaristas nas redes sociais.

O que o Facebook tornou público, o ministro Alexandre de Moraes já sabia há muito tempo. E sabe muito mais. Tão cedo o inquérito que ele comanda chegará ao fim – primeiro por cautela, segundo porque quer ir fundo na questão, terceiro porque não tem pressa.

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No momento, o escândalo estacionou à porta de entrada do gabinete do presidente. Quando invadi-la, se tornará mais uma crise entre tantas que este governo já enfrentou, mas com o agravante de envolver diretamente Bolsonaro e seus filhos.

É por isso, mas não só, que Bolsonaro baixou o facho e manda sinais de paz para os ministros do Supremo. Se antes acusava Alexandre de estar a serviço do governador João Doria (PSDB-SP), agora o adula por meio de emissários e o brinda com telefonemas.

Para Bolsonaro, o mar não é de almirante nem o céu de brigadeiro. Além do coronavírus que o ameaça, ele terá de depor em breve como investigado sobre sua tentativa de intervir na Polícia Federal. E ainda tem Flávio, Queiroz, Wassef, e sabe-se mais o quê…

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