É injusto exigir do ministro da Educação que entenda, por exemplo, de… Educação. E não só porque ele foi um estudante medíocre de contabilidade e um professor opaco.
É injusto porque a maioria dos brasileiros elegeu presidente da República um ex-capitão que entrou para a história do Exército por indisciplina e comportamento antiético.
Que depois como deputado federal limitou-se a fazer parte durante 28 anos do desprestigiado baixo clero da Câmara. E que há cinco meses dá repetidas demonstrações de que não sabe governar.
O ministro Paulo Guedes, da Economia, foi obrigado, ontem, a corrigir Bolsonaro – desta vez porque em cerimônia pública ele deixou claro que não entendeu até hoje a proposta de reforma da Previdência.
Bolsonaro também foi convencido por Guedes a recuar da força que havia dado às manifestações de rua marcadas para o próximo domingo contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
Guedes alegou que era uma insensatez. O eventual sucesso do movimento só servirá para dificultar no Congresso a aprovação da reforma, disse ele ao presidente.
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, saiu em reforço a Guedes. Acertou-se com os principais partidos para aprovar a Medida Provisória que deu nova estrutura administrativa ao governo.
Tem muita gente trabalhando com discrição para desidratar as manifestações dos devotos de Bolsonaro. Ou melhor: da ala mais ideológica dos devotos de Bolsonaro.
A essa altura, quem poderia ganhar com a tentativa dos desvairados de acirrar os ânimos entre os três poderes da República, de emparedar o Legislativo e o Judiciário acusados de não cooperar com o governo?
Os garotos do capitão continuam acreditando que seu pai sairia ganhando. Bolsonaro até pensa como eles. Mas no momento parece carecer de chão ou de coragem para ir adiante.
Ainda dispõe de muito tempo para voltar à ofensiva contra os que não se curvam às suas vontades.