O ex-presidente Lula meteu-se numa saia justa na eleição para prefeito de São Paulo. E a culpa é dele. Poderia ter mexido um dedinho na tentativa de compor o PT com o PSOL. E se isso fosse impossível, pelo menos para que o PT disputasse a eleição com um candidato mais competitivo.
No que Fernando Haddad resistiu às pressões para concorrer, Lula conformou-se com a escolha do ex-deputado federal Jilmar Tatto. Tinha esperança que ele uniria o PT. Não uniu. E o PT sangra desde então. As bases do partido estão migrando para o apoio a Guilherme Boulos, candidato do PSOL. E Lula, constrangido.
Suar a camisa por Tatto e arriscar-se a vê-lo de fora do segundo turno seria um desastre para Lula. E como agir assim logo contra Boulos, não só seu amigo pessoal, mas uma das pessoas que mais saíram em sua defesa antes, durante e depois de sua prisão? Lula apoiará Boulos se ele for para o segundo turno. Mas, e por ora?
Desenha-se o pior dos cenários para o PT nos dois maiores colégios eleitorais de capitais do país: ficar fora do segundo turno em São Paulo e no Rio, onde a candidata será Benedita Silva. Ali, por enquanto, os dois candidatos aparentemente mais fortes são Eduardo Paes (DEM) e o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).