Relâmpago: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Bolsonaro acumula poder

Ou Moro se conforma ou pede as contas

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h27 - Publicado em 5 set 2019, 07h00

Na noite do dia 28 de março do ano passado, Raul Jungmann, então ministro da Justiça, recebeu um telefonema do então diretor-geral da Polícia Federal. “Onde o senhor estará na madrugada de amanhã?” – perguntou o diretor. “Ora, em minha casa”, respondeu o ministro. “Então eu lhe telefonarei mais tarde”, disse o diretor.

Ligou pouco antes das 6h para contar que em instantes seria preso o coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer e seu parceiro em negócios suspeitos. Em seguida, Temer ligou para Jungmann. Acabara de saber pelo coronel que agentes federais cercavam o prédio onde ele morava na capital paulista.

Quem nomeia o diretor-geral da Polícia Federal é o presidente da República, mas quem indica é o ministro da Justiça. Sempre foi assim. Embora administrativamente subordinada ao Ministério da Justiça, ela é um órgão do Estado, não do governo. Responde às ordens do Poder Judiciário, e de mais ninguém.

Daí seu elevado grau de autonomia respeitado por todos os ministros e presidentes desde o fim da ditadura militar de 64. Daí porque nem mesmo o ministro tem acesso às suas informações. Sobre operações de captura de criminosos, por exemplo, o ministro só fica sabendo em cima da hora. Como foi o caso de Jungmann.

Sempre foi assim, mas o presidente Jair Bolsonaro não quer mais que seja assim. Mandou o ministro Sérgio Moro substituir o atual diretor-geral da corporação, o delegado Maurício Valeixo. Ex-superintendente da PF no Paraná, Valeixo e Moro atuaram em dobradinha quando a Lava Jato de Curitiba estava com a bola cheia.

Continua após a publicidade

Dá-se por certo dentro da PF que Moro não terá força para se opor à vontade de Bolsonaro, nem argumentos novos que possam convencê-lo do contrário. O estoque de argumentos de Moro esgotou-se há uma semana quando ele e Bolsonaro tiveram uma discussão áspera sobre o assunto no Palácio do Planalto.

Bolsonaro tem dois candidatos para a vaga que deverá se abrir em breve com a saída de Valeixo: o delegado Anderson Gustavo, Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, e o delegado Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), o Serviço Secreto do governo.

Ramagem encarregou-se segurança pessoal de Bolsonaro depois da facada que ele levou em Juiz de Fora, e que amanhã completará um ano. Foi Bolsonaro quem pôs Ramagem na direção da ABIN, tirando dali o antigo diretor que havia sido indicado pelo general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional.

Continua após a publicidade

Sempre vestido com um colete à prova de balas por debaixo da camisa, Bolsonaro tornou-se paranoico com sua própria segurança. Mas não é por isso que ele quer Ramagem no comando da PF. Quer porque ele é um homem de sua inteira confiança, fará seus gostos e não permitirá que nada o surpreenda.

Essa foi uma das razões para a transferência do Ministério da Economia para a órbita do Banco Central do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) que mudou de nome. Passou a se chamar Unidade de Inteligência Financeira (UIF). Dali foi demitido Roberto Leonel, indicado por Moro.

O UIF exercerá o mesmo papel do extinto COAF, que monitorava, analisava e produzia relatórios de inteligência financeira. Mas com uma diferença: os conselheiros do COAF deveriam ser servidores públicos. Os do UIF não precisam ser. Indicações políticas também poderão ser acatadas. Bolsonaro as repele, mas nem tanto.

Continua após a publicidade

A Receita Federal está na mira de Bolsonaro. E está previsto para amanhã o anúncio do nome do novo Procurador-Geral da República que, segundo Bolsonaro, deverá estar 100% alinhado com ele para o bem e para o mal. No próximo ano, Bolsonaro nomeará um novo ministro do Supremo Tribunal Federal. E, em 2021, mais um.

Se não mudar de opinião até lá, os dois ministros serão “terrivelmente evangélicos”. E deverão rezar pela cartilha dele.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ECONOMIZE ATÉ 88% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.