O que dirão as pessoas quando assistirem aos atos explícitos de cumplicidade da maioria dos ministros diante dos palavrões ditos pelo presidente Jair Bolsonaro na reunião de 22 de abril passado gravada em vídeo prestes a ser divulgado?
Ninguém, ali, demonstrou estranhamento – uns porque já estão a acostumados com a linguagem porca do presidente, outros porque a compartilham. Ninguém pareceu se incomodar com o comentário do ministro da Educação sobre a prisão dos juízes do Supremo.
A ministra da Mulher e dos Direitos Humanos sentiu-se tão à vontade que sugeriu a prisão de governadores e prefeitos. Ninguém a interpelou a propósito. Todos sabiam que a reunião estava sendo gravada, mas jamais imaginaram que pudesse um dia vir a público.
Da mesma forma devem ter pensado os ministros que se reuniram com o presidente Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968 para discutir a edição de mais um ato institucional – o de número 5, o mais violento. Foi quando a ditadura militar tirou a máscara.
Costa e Silva abriu a reunião dizendo: “Ou a revolução continua, ou se desagrega”, e pediu a opinião de todos. Apenas o vice-presidente, Pedro Aleixo, foi contra o ato. Ficou célebre a frase dita pelo ministro do Trabalho e da Previdência Social Jarbas Passarinho:
– Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência.