URV é uma sigla enigmática. À exceção dos estudiosos de economia, ninguém está obrigado a decifrá-la. Milhões de brasileiros sequer eram nascidos. Instituída pela MP 434 de 27 de fevereiro de 1994, a Unidade Real de Valor passou a vigorar no primeiro dia março.
Era uma espécie de moeda escritural (CR$) que refletiu, diariamente, a variação do poder aquisitivo da nova moeda, o real (R$), por esta absorvida, à razão de R$ 1,00 para CR$ 2.750 no dia 1º de julho.
Por trás da adoção do novo padrão monetário, há uma história de instabilidade política e de tormento inflacionário que interrompeu cinco décadas (1930-1980) de forte crescimento econômico e deixou marcas profundas na sociedade brasileira, entre elas, a perversa convivência com a superinflação.
De 1980 a 1994, os dados são assustadores. O Brasil teve 15 ministros da fazenda, 14 presidentes do Banco Central, 6 planos de estabilização e um confisco, 6 moedas e 720% de inflação média anual. E para culminar as dificuldades do processo político, o enfrentamento dos gigantescos desafios estava nas mãos de um governo de transição por conta do impeachment do Presidente Collor.
O improvável sucesso do governo Itamar Franco venceu a guerra contra a inflação. Na sequência, o Ministro da Fazenda, Fernando Henrique, eleito Presidente Brasil por dois mandatos, deu um rumo estratégico ao País.
Com enorme capacidade de aglutinar talentos, FHC liderou a construção de engenhoso plano de estabilização. Além dos recorrentes problemas estruturais, o então Ministro da Fazenda se defrontava com a questão inflacionária cuja solução era condição indispensável para seguir adiante. Entre os fatores adversos a um projeto de longo prazo, a eleição presidencial apontava como franco favorito o petista Lula da Silva. A moeda vingou, o salário do trabalhador chegou ao fim do mês, a urna premiou FHC.
A saga do Plano Real engrandece a todos que dela participaram. Nossos filhos e nossos netos desconhecem a mais devastadora das doenças econômicas, a inflação. A estabilidade da moeda merece cuidados permanentes para assegurar um crescimento sustentado. Parece ter sido fácil juntar as três letras URV. Para quem pensar assim, recomendo a leitura de um relato impressionante feito pela competente jornalista e escritora Maria Clara R.M. do Prado: “A Real História do Real”.
A autora narra os fatos com dupla autoridade: a de quem conhece economia; e de quem sabe comunicar, com simplicidade, conceitos complexos. E mais: foi testemunha ocular da história.
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