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Acadêmicos da Destruição

Nossa relação com a Democracia e o Presidencialismo são superficiais e mal compreendidas

Por Thiago de Aragão
Atualizado em 6 mar 2018, 21h11 - Publicado em 6 mar 2018, 16h00
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  • No que somos bons? Somos excepcionais em destruir. Sabemos destruir planos, heranças, promessas, personalidades, fatos, governos, empresas, investimentos, impostos e o futuro.

    O Brasil e um dos países mais avançados do mundo no quesito destruição. Possuímos a cidade mais linda do mundo, que foi destruída. Tínhamos o presidente mais popular do mundo, (auto)destruído. Tínhamos superávits mensais e nível de investimento que a rainha da bateria dos Acadêmicos da Destruição, Dilma Rousseff, destruiu.

    Congresso, JBS, Petrobras, CBF, Oi, Odebrecht, Olimpíada, Estádios da Copa, educação, SUS, universidades federais, a lista é infinita. Alguns mostram recuperação (Petrobras, Oi, CBF, talvez outros mais já esteja em processo ou vão conseguir), mas, em geral, nossa ânsia pela destruição de tudo de bom que possuímos eh enorme. Por que somos assim?

    Nossa relação com a Democracia e o Presidencialismo são superficiais e mal compreendidas. Tratamos a democracia apenas como um fim e não como um processo. Para muitos, a democracia é apenas o ato de votar, não de monitorar, pressionar, e buscar o aprimoramento. As regras não são compreendidas e o Congresso (a alma de uma democracia), é tratado como a lixeira da nossa. Temos instituições, temos leis, temos processos, temos imprensa livre, mas temos duas pontas desencapadas deste longo fio, as quais geram todo o curto-circuito no nosso funcionamento: o eleitor e o eleito. O eleitor vota por vingança, por paixão, por deboche ou por provocação. A convicção é leve, é superficial e baseada, muitas vezes, no instinto.

    Nosso Presidencialismo também é demonizado. Alguns dos importantes líderes políticos de nossa historia, muitos, diga-se de passagem, não queriam o Presidencialismo que criaram. Buscavam o parlamentarismo, mas não havia narrativa suficiente para explicar que o debate coletivo das ideias poderia ser mais importante para o eleitor do que o messianismo de um salvador.

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    Destruir é fácil e traz um prazer quase proibido para quem participou da arquitetura da mesma. No ambiente político e econômico de hoje, temos a Reforma da Previdência destruída pela enésima vez. Esta, corre o risco de voltar apenas quando algo ainda mais importante for destruído: o futuro do aposentado. A reforma politica é a oportunidade de nos livrarmos de um sistema político indutor da corrupção, viciado e injusto na forma de eleger seus representantes. A reforma tributaria é a chance de simplificarmos o pagamento de impostos e facilitar a abertura de empresas e dar estímulo ao investimento privado.

    No entanto, nada disso avança. A torcida, de grande parte é que não dê certo e que essas mudanças não avancem. Vários preferem destruir a Previdência a ter que arcar com os custos políticos de construir algo novo partir de agora. Outros, preferem destruir a credibilidade política a ter que modificar as regras que os elegem. O fetiche pela destruição sempre passa pela estrada da arrogância. Por isso, certamente, não estão percebendo que os próximos a serem destruídos são eles próprios!

    Thiago de Aragão é sócio e Diretor da Arko Advice, Pesquisador Associado do think tank britanico Foreign Policy Centre e do think tank francês IRIS (Institut de Relations Internationales et Strategiques) 

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