O grito da floresta amazônica produziu três ecos ouvidos pelo mundo inteiro: a ecosofia, a ecoética e a ecocidadania.
A ecosofia vem a ser o conjunto de conhecimentos e reflexões multidisciplinares que dão suporte à sabedoria humana para viver em harmonia com todos os seres e contribuem para uma nova racionalidade, expressa por um cartesianismo atualizado: penso e sinto, logo existo e compartilho.
Nesta linhagem do pensamento, merecem destaque a visão libertária, beirando o anarcoambientalismo de Thoreau; o economicismo budista (Schumacher); a bioeconomia (Georgescu-Roegen); o ecodesenvolvimentismo (Ignacy Sachs); o ecologismo tripartite (Feliz Guattari); o desenvolvimentismo humanista (Edgar Morin); o holismo (Pierre Weil); o ecologismo profundo (Capra); a ecoespiritualidade (São Francisco de Assis); a ética do cuidado (Leonardo Boff); a hipótese Gaia (James Lovelock)
A ecoética incorpora dimensão nova à ética tradicional, de natureza intertemporal, que legitima o direito de todos os seres, no presente e no futuro, ao meio ambiente limpo, harmônico e sustentável. É da essência do desenvolvimento sustentável atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas necessidades.
A ecocidadania é uma das faces da cidadania global. O novo personagem é o ecocidadão. Trata-se do cidadão que, uma vez incluído nas vantagens e possibilidades do progresso, convive com uma grave contradição: de um lado, parece um super-homem pelo uso aparato tecnológico; de outra parte, pode se transformar em vítima do potencial destrutivo do mau uso da tecnológia e da degradação ambiental: apenas uma pulga, inteligente e frágil, diante da vastidão cósmica e da concreta ameaça à sobrevivência da espécie.
Nos direitos de quarta geração do ecocidadão, estão incluídos aqueles que ultrapassam o estado soberano e estão situados numa escala planetária a exemplo dos direitos fundamentais relativos à pessoa humana, à diversidade cultural e à sustentabilidade ambiental.
“A Amazônia, com sua floresta, é um bem da vida”, disse o poeta Tiago de Mello e, como tal, deve ser tratada pelo princípio universal da responsabilidade comum, porém diferenciadas, jamais, pela retórica do confronto verbalizada pelo Presidente da República.
Sobre a relação fraterna entre o homem e a floresta, Henry David Thoreau não somente praticou como deixou a seguinte lição: “Se um homem gasta metade de cada dia a passear pelas florestas arrisca-se a ser considerado um preguiçoso; mas se ele gasta o dia inteiro como especulador, devastando florestas e provocando a calvície precoce da terra, ele ganhará admiração dos seus concidadãos como pessoa ativa e empreendedora”.