
O Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, foi criado pela ONU, em 1972, por ocasião da Conferência de Estocolmo cujo tema central foi o Ambiente Humano. Em menos de cinco décadas, a questão ambiental tornou-se emblematicamente global e definitivamente incorporado à agenda das relações internacionais.
O que mais parecia um grito catastrófico de videntes ou um novo tipo de colonialismo entre nações prósperas e países pobres condenados à rígida preservação dos recursos naturais, alertava para o grave risco de duas falácias sobre as quais se erguem o nosso modelo de civilização: o crescimento econômico, a qualquer custo, seria um bem; a natureza atenderia às necessidades e à cobiça humana.
A experiência histórica nos deu uma severa lição: a natureza assustadoramente escassa colocou em risco a vida planetária.
A propósito, fui convidado a dar uma palestra para estudantes de nível médio numa conceituada escola do Recife sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente. Auditório lotado. Inquieto. Ali estavam millennials, diante de um dinossauro amedrontado, confesso, apesar da experiência de lidar com distintos púbicos. Para assegurar o preço mínimo da atenção e evitar preço alto da vaia desconcertante, iniciei, perguntando a meia dúzia de estudantes: – qual o elemento da natureza que você mais gosta, admira ou contempla? As respostas variaram: água, florestas, oceanos…quando veio uma resposta surpreendente porque inédita em outros momentos semelhantes, – Eu, o ser humano.
O garoto foi à raiz da questão ambiental que divide e tensiona ambientalistas, catastrofistas, portadores de verdades convenientes ou inconvenientes: a concepção dualista que separa o homem da natureza e contamina a relação una, simbiótica, amorável em que cada agressão corresponde a sofrimentos e dores, apenas, reveladas de formas distintas.
Homem-Natureza é uma realidade una, comunal e que tem um destino inseparável: “ela” se sustenta. Não se trata de devaneio ecosófico. É a base conceitual da gestão ambiental que, por sua vez, não se esgota nos mecanismos de comando, controle, sanção e devem se desdobrar em incentivos às práticas sustentáveis. Os custos da degradação ambiental não são mais externalidades disfarçadas na “tragédia dos comuns”. Os processos produtivos limpos e o consumo consciente permeiam as funções de produção que o mercado valoriza e a economia ecológica traduz em ecodesenvolvimento.
Antes do acirramento de indesejáveis antagonismos, vale a pena atentar para as sábias palavras do visionário Padre Lebret: “Desenvolvimento é a construção de uma civilização do ser na repartição equânime do ter”.