O mercado financeiro tem cobrado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a indicação de nomes que poderão compor a área econômica do governo caso o petista saia vencedor da eleição no dia 30. Da sua parte, o presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição, já disse que pretende manter Paulo Guedes, embora exista proposta para desidratar o atual superministério da Economia – com a recriação, por exemplo, da pasta do Planejamento e da Indústria e Comércio. Mas qual a avaliação dos banqueiros sobre a atual gestão do ‘Posto Ipiranga’? A resposta é que o mercado está dividido e longe de uma unanimidade em relação ao nome de Guedes em um eventual novo mandato de Bolsonaro.
Nas conversas que tive esta semana, não houve meio-termo: ou o meu entrevistado elogiava ou atacava a hipótese de mais quatro anos de Guedes à frente das finanças do País. De forma geral, o primeiro grupo – do “a favor” – afirma que, a despeito das dificuldades de articulação política do governo no Congresso e de fatores externos como a guerra entre Rússia e Ucrânia (que bagunçou o coreto econômico em todo mundo), Guedes teria conseguido realizar uma “revolução silenciosa”. Por esse raciocínio, uma “segunda vez” teria tudo para completar a obra.
“A política econômica do Bolsonaro será a mesma, com o Paulo Guedes tocando e, desta vez, acho que terá menos amarras”, afirma um banqueiro da Faria Lima. “Para mim, está clara a política econômica de Bolsonaro”, afirma um sócio de uma das maiores assets brasileiras. Por “política econômica clara” entenda-se a fé de que o governo vai manter o receituário liberal, com a continuidade da redução do Estado, programas de venda de ativos, incluindo a possível privatização da Petrobras, e reforma administrativa. Mas e o teto de gastos, como defender uma administração que fura a âncora fiscal? “Houve alteração da regra de teto de gastos para manter a ancoragem fiscal, mas com um grau de liberdade em algumas áreas”, me respondeu um deles, ao se referir à promessa de campanha de manter o valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil.
Uma gestão diametralmente oposta emerge da avaliação do outro grupo – o do “sou contra”. Aqui a argumentação gira em torno das “contradições” de Guedes: o discurso de defesa do receituário liberal e da “bíblia da política fiscal” teria terminado, em grande parte, em um fracasso. “Só o nome de Paulo Guedes não basta para ficar clara a política econômica de Jair Bolsonaro”, afirma um banqueiro do segmento digital. “Não ficou nada clara a política econômica nesses quatro anos.” “Está clara como a cor do petróleo”, ironiza outra liderança desse mercado. Em ambos os grupos, são pouquíssimos os que não votaram em Bolsonaro em 2018. Se essas críticas serão suficientes para mudar o voto nestas eleições? Bem, essa é outra história.