Assine VEJA por R$2,00/semana
Neuza Sanches Por Neuza Sanches Negócios, Mercados & Cia
Continua após publicidade

Lula e Bolsonaro: quatro índices, três comparações

Inflação, desemprego, juros e PIB mostram o desempenho da economia ‘andando de lado’ com os governos dos dois presidenciais

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 out 2022, 10h06 - Publicado em 13 out 2022, 08h30
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Medida oficial da inflação no País, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,29% em setembro – foi o terceiro mês consecutivo de queda – e passou a acumular variação de 7,17% nos últimos 12 meses, ante 8,73% até agosto. O resultado foi divulgado nesta terça-feira pelo IBGE, e representou uma ótima notícia para a campanha do presidente Jair Bolsonaro, faltando três semanas para a eleição em segundo turno. Mas qual o peso dos indicadores econômicos no voto do eleitor?

    Publicidade

    A pedido da coluna, o economista e professor Sandro Maskio, do

    Publicidade

    professor de economia da 

    Strong Business School, em São Paulo, fez uma compilação de dados para comparar o cenário econômico de hoje com o do segundo turno das eleições de outubro de 2002 e de 2006, quando os candidatos eram o petista Luiz Inácio Lula da Silva e os tucanos José Serra (2002) e Geraldo Alckmin (2006). Foram considerados quadro indicadores: inflação, desemprego, juros e evolução do PIB.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    A comparação de períodos históricos diferentes requer cuidados, pois os números não podem ser vistos como peças soltas, precisam considerar também a conjuntura política e econômica de cada época. A começar pelo disclaimer de 2002, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso terminava um período de oito anos no poder. Apesar do grande mérito de ter levado a inflação para níveis “amistosos”, saindo de mais de 1.000% ao ano para patamares abaixo de 10% (a inflação média de 1996 a 2021 foi de pouco mais de 6% ao ano no Brasil), sua administração chegou ao fim sob o peso de um “apagão” de energia e seu inevitável impacto no PIB.

    Outro disclaimer importante a fazer é que, até 2012, o cálculo da taxa de desemprego considerava um conjunto formado por 11 regiões metropolitanas. Depois de 2012, a pesquisa feita pelo IBGE passou a ter abrangência em praticamente todos os municípios do País. Na ponta do lápis, a gestão FHC entregou ao candidato vitorioso em 2002 (Lula) um País com inflação de 8,44% no acumulado do ano; desemprego em 11,2%; juros a 21% ao ano; e PIB (ou “pibinho”) de 0,7% (ver tabela abaixo).

    Publicidade

    Tabela Dados Econômicos

    Continua após a publicidade

    Quatro anos mais tarde, em 2006, como mostra cima, após o governo petista acalmar as desconfianças dos agentes de mercado, o momento econômico mundial era de crescimento, com efeito positivo sobre a economia brasileira, e as exportações de commodities. Com inflação mais controlada (frente ao drama encarado por FHC e anteriores), Lula conseguiu abrir outras frentes de prioridade na execução de políticas públicas. Algumas destas frentes produziram resultados positivos, como redução da pobreza e ampliação da capacidade de consumo do mercado interno. Mas o então presidente Lula não conseguiu ampliar o nível de investimentos produtivos na economia, apesar da esperança depositada pelo governo no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Como se sabe, Lula bateu nas urnas o tucano Geraldo Alckmin, “herdando” uma inflação de 3,27%; taxa de desemprego em 9,8%; juros a 13,75%; e PIB de 2,7%, conforme tabela acima.

    Publicidade

    Agora em 2022, no governo de Jair Bolsonaro, temos outro contexto. A economia já deixou para trás o período mais difícil da pandemia de covid-19 que, além de milhares de mortes, deixou sua marca na economia. A rápida retomada das atividades, especialmente no setor de serviços, explica a previsão de um PIB entre 2,6% e 2,7% no ano. Os índices recentes de inflação mostram queda no curto prazo – depois de o IPCA ter voltado a marcar mais de 10% -, mas essa retração ainda está muito concentrada nos preços dos combustíveis. Já a taxa de desocupação passou por variações intensas, chegando a índices historicamente baixos na virada da década de 2000 e de 2010 a índices elevados no auge da pandemia. “O que falta – faltou e continua faltando – é um plano de desenvolvimento de longo prazo, com orientações estratégicas, setores-chave e mecanismos de fomento bem definidos e eficazes”, afirma Maskio.

    É fato. O mercado financeiro é pragmático. Quer uma economia com estabilidade e previsibilidade. Mas quem define o que deseja a médio e longo prazos sobre a política de Estado e de governo são os eleitores. E a maioria dos eleitores também pensa no curto prazo. Afinal, o prato cheio à mesa é problema de dia a dia. É uma estrutura cíclica que não se quebrou, mesmo com governos denominados de ‘centro’, de ‘esquerda’ ou agora na ‘extrema direita’. “Isso exige, não só a atuação estratégica e eficiente da política e da estrutura do setor público como da disposição do setor privado a investir.” afirma Maskio. “O que requer confiança e demanda uma visão clara sobre a orientação da política de desenvolvimento produtivo de médio e longo prazos, até para fazer as escolhas mais eficientes”, completa. Se os poderes Legislativo e Executivo não olharem para projetos sustentáveis de médio e longo prazos, em quatro anos correremos o risco do ‘vale a pena ver de novo’.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.