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Negócios, Mercados & Cia
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Americanas: pesadelo grande

Garantia, ALL, Kraft Heinz e Americanas: o estilo de negócios de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira

Por Neuza Sanches Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jan 2023, 16h02 - Publicado em 19 jan 2023, 09h00
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  • Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Alberto Sicupira são uma referência consensual no mercado empresarial? A pergunta pode parecer despropositada, já que os três costumam ser associados a negócios bilionários e ousados. Mas não é bem assim.

    Empresários e banqueiros ouvidos por esta coluna preferem citar uma série de fatos – no mínimo polêmicos – relacionados ao estilo de gestão do trio, que voltou a ficar sob os holofotes depois que veio a público a existência de “inconsistências” de R$ 20 bilhões no balanço da Americanas.

    A começar pelo fracasso do Garantia. Em 1998, o banco teve grande perda no mercado – por má gestão de risco, crise de liquidez e credibilidade. Embora não tenha chegado a ficar inadimplente, teve de ser vendido. Esse fracasso fez com que os três deixassem o mercado financeiro e se voltassem somente para o meio empresarial.

    O “estilo de gestão” empresarial se mostrou já um tanto equivocado com os balanços da América Latina Logística (ALL), empresa criada em 1997 pelos três sócios para disputar os leilões de concessões ferroviárias. Em 2009, teve seu controle vendido para a Cosan, de Rubens Ometto. Na época da venda, a ALL tinha a imagem de uma empresa eficiente e rentável. Em novas mãos, porém, a companhia teve de republicar vários balanços, acertar seus números para, enfim, seguir em frente, pois não dava para “continuar a maquiagem/bicicleta” do jeito que estava. Nos bastidores empresariais, correu a informação de que Ometto avaliou processar os ex-comandantes da ALL, mas acabou desistindo.

    Uma década depois, a Kraft Heinz seguiu o mesmo riscado. Em 2019, a gigante global do setor de alimentos teve de explicar erros contábeis cometidos por três anos em seus balanços financeiros. O sócio Warren Buffett chegou a sair do conselho de administração do grupo em 2018, um ano antes do escândalo vir à tona – o que levantou a suspeita de problemas na Kraft naquela época. Esses “erros” somavam em torno de US$ 298 milhões (hoje, o equivalente a R$ 1,5 bilhão pelo câmbio corrente). Foi um imbróglio jurídico, financeiro e administrativo, que terminou com redução do quadros de funcionários e mudança de executivos.

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    Agora, foi a vez da Americanas – com 40 mil colaboradores diretos. “O Brasil é isso aí. Se vocês estão achando que o Brasil é um negócio que vai virar Estados Unidos, vocês estão no lugar errado. Não vai virar Estados Unidos, porque o Brasil é o país do coitadinho, do direito sem obrigação e da impunidade. Isso é cultural”, disse Sicupira em uma palestra em 2022, ano de eleições presidenciais. Quem quiser, pode conferir a apresentação no Youtube.

    No caso da Americanas, o caminho de autoridades como a Comissão de Valores Mobiliários  (CVM) – que já abriu quatro processos -, de credores e investidores para desvendar os “erros”, “inconsistências” ou o rótulo que se queira dar estão apenas começando. Fato é que Lemann, Telles e Sicupira terão daqui pra frente de enfrentar com mais afinco esse pesadelo grande.

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