Português corporativo: o erro do verbo ‘falir’ que você deve evitar
Descubra por que dizer que uma empresa 'fale' está incorreto e entenda o que são verbos defectivos e como evitá-los no mundo dos negócios
Fala, pessoas!
Na última semana, participei de um encontro presencial do Traktion Clube, empresa dos grandes empresários Hendel Favarin, Josef Rubin e Flávio Augusto, um espaço onde empreendedores de diferentes áreas se encontram para discutir estratégia, inovação e, claro, trocar experiências valiosas sobre os bastidores de um negócio. Foi uma daquelas semanas que fazem a gente sair com a cabeça fervendo de ideias, mas também, no meu caso, com novas histórias sobre a nossa amada língua portuguesa.
Durante uma conversa com um dos participantes, falávamos sobre os maiores desafios de se manter uma empresa de pé. Em meio ao bate-papo, ele comentou, com toda convicção:
— O problema é que uma empresa fale quando não cuida das finanças.
Na mesma hora, ele parou, fez uma pausa dramática, olhou pra mim e disse:
— Professor, tá certo isso? “Fale”? Não soa estranho?
E aí, meus amigos, a aula de português começou ali mesmo.
Essa dúvida é mais comum do que parece, e ela esbarra num fenômeno curioso da nossa língua: os verbos defectivos. Não, você não leu errado. “Defectivo”, nesse caso, vem de “defeito” mesmo, são verbos que não se conjugam em todas as formas, geralmente por soarem estranhos ao ouvido ou caírem em desuso ao longo do tempo.
E “falir” é um desses verbos. Ele simplesmente não é usado na primeira pessoa do presente do indicativo (eu falo? Não existe, ele soa igual a outro verbo), nem na maior parte do presente do subjuntivo (que é o caso do “que uma empresa fale”). O mais comum e correto seria usar construções alternativas, como:
• “Uma empresa entra em falência quando não cuida das finanças.”
• “Se a empresa for à falência, todo o planejamento vai por água abaixo.”
Ou ainda:
• “A empresa faliu porque negligenciou a gestão financeira.”
No caso da nossa conversa no encontro, o que ele queria dizer era perfeitamente compreensível. Mas, gramaticalmente falando, o verbo “falir” não se conjuga como ‘fale’ e esse é o tipo de detalhe que pega até os falantes mais atentos.
Outros verbos também seguem essa lógica, como “abolir” e “colorir”. Você já ouviu alguém dizendo “eu abolo” ou “eu coloro” no presente do indicativo? Provavelmente não, ou, se ouviu, ficou aquela sensação esquisita, né?
O que isso me ensina, e talvez ensine para você também, é que o português é como um bom negócio: cheio de nuances, regras e exceções que a gente vai aprendendo no caminho. E que, mesmo nos ambientes mais inesperados, sempre tem espaço para um pouco de gramática (e para uma boa risada também).
No fim da conversa, rimos juntos, e ele soltou:
— Então minha empresa não falirá, mas minha gramática quase faliu.
E seguimos. Porque aprender, seja na língua portuguesa ou nos negócios, é isso: cair, levantar, e nunca deixar de questionar.
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Então compartilha com aquela pessoa que adora um bom papo sobre negócios e que vive tropeçando nas pegadinhas do português!
Ah, e fica ligado: tem texto novo toda terça e quinta-feira, sempre trazendo os bastidores da nossa língua no mundo real.
Vamos juntos nessa jornada de aprender, empreender e escrever melhor!
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