O sertão virou mar

Surfe e música sempre estiveram ligados. Não à toa, há um gênero chamado surf music: rock caracterizado pelas guitarras rápidas e pelos temas praieiros, que teve os Beach Boys como principal expoente. Quando falamos de Ben Harper, Donavon Frankenreiter e, claro, Jack Johnson, também somos automaticamente levados a pensar no esporte sobre pranchas. Até Kelly Slater, o onze vezes campeão mundial, se arriscou no mundo da música. Nos últimos anos, é raro ver algum surfista profissional sem um chamativo fone de ouvido antes das baterias, afinal, eles usam a música para se concentrar. E eles também estão mais ecléticos. Em 2014, VEJA entrevistou Gabriel Medina durante a etapa de Trestles, em San Clemente, na Califórnia, e boa parte do papo girou em torno de música. O primeiro brasileiro campeão mundial de surfe contou que gostava mesmo era de hip hop, gênero que surgiu nos guetos negros dos Estados Unidos – ou seja, bem longe da praia.

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Mas é difícil pensar em um estilo musical tão distante do lifestyle do surfe quanto o sertanejo. Originalmente, as letras sertanejas abordam relacionamentos fracassados e, não raro, bebedeiras para curá-los. Muito diferente da vida ensolarada e leve dos surfistas. No entanto, a nova safra de artistas do gênero vem investindo em uma face mais pop do sertanejo, fazendo misturas que incluem até reggae. É o caso da dupla Bruninho e Davi. Bruninho Cerri, inclusive, é figura conhecida para quem acompanha os tops brasileiros: o campo-grandense (olha aí, bem longe do mar) aparece sempre em fotos nas redes sociais de Miguel Pupo e Gabriel Medina, seja surfando ou fazendo um som. Apesar de toda a dificuldade de agenda, já que os dois estão sempre viajando, Miguel e Bruninho viraram grandes amigos e sempre que podem estão em Maresias, compartilhando suas duas paixões, surfe e música. Aproveitamos um desses momentos para registrar o encontro entre surfista e sertanejo.

Captação de imagens: Natália Luz e Kaique Silva
Edição: Natália Luz
Agradecimentos: Pousada Mareatoa