Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Redescobrindo nossos heróis

Precisamos de pessoas que nos iluminem pelo exemplo

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 15h18 - Publicado em 18 set 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O livro de Larry Rohter sobre o marechal Cândido Rondon (Uma Biografia, editora Objetiva, 2019) nos impõe uma reflexão. Como alguém tão relevante na história do Brasil tem o seu valor social tão pouco reconhecido? Fora dos círculos específicos, Rondon é lembrado apenas pelo apreço que tinha aos índios e pelo projeto que leva universitários ao sertão bruto e às florestas e que ganhou seu nome.

    Poucos sabem de sua tarefa monumental de ligar o Brasil com redes de telégrafo através das florestas, além de visitar regiões nunca desbravadas. Quais as causas da falta de admiração por Rondon? Uma delas, sem dúvida, é a de ter sido militar e partícipe ativo dos movimentos republicanos e do tenentismo, além de ser positivista. Tais fatos o colocam em uma situação desfavorável em meio à “intelligentsia” nacional.

    Exaltado no regime militar, Rondon não poderia ser também festejado pela oposição, que adota a estratégia de “desinstitucionalizar” o que não interessa ao projeto político das esquerdas. Por que prestigiar os militares que, no limite, sempre foram a barreira essencial à esquerdização no país?

    A pouca valorização de Rondon nos revela que certos heróis são considerados desnecessários por não interessarem aos círculos que se veem como progressistas. Tais grupos tampouco lembram que o Exército foi capaz de educar, formar e promover a marechal, por seus méritos, um mestiço que saiu dos confins do Brasil para desbravá-lo e integrá-lo. Talvez nenhuma instituição tenha sido mais importante para incluir os desfavorecidos na sociedade brasileira.

    “Uma nação é feita de referências, acima das preferências ideológicas e de projetos de poder”

    Continua após a publicidade

    A relativização do herói nacional também atinge aqueles que deveriam ser exaltados pelos politicamente corretos, mas não o são. É o caso do engenheiro e abolicionista André Rebouças, que, por ser monarquista, teve seu papel diminuído na República. Mesmo tendo resolvido o problema do fornecimento de água no Rio de Janeiro, ter inventado armas utilizadas pelo Brasil na Guerra do Paraguai e ter projetado e construído a ferrovia Curitiba-Paranaguá, em uso até hoje.

    Ao não reconhecer Rondon e Rebouças em sua dimensão, o Brasil mostra uma face parcial, tendenciosa e autoritária. Ou seja, se não é a favor de meus interesses não merece admiração. No raso, a manipulação dos heróis e, em alguns casos, a redução de sua importância são a forma de contar a história a favor de uma causa. O que está mais para estória do que para história.

    Bertolt Brecht disse que “feliz o país que não precisa de heróis”. Em um cenário ideal, sem heróis, todos seriam heróis. Porém, em tempos de predomínio da geração Y, o heroísmo está mais identificado com o sucesso individual do que com o esforço coletivo, do qual depende o futuro de uma nação.

    Continua após a publicidade

    Ao longo da pandemia de Covid-19, milhares de pessoas têm se dedicado a cuidar dos infectados, enterrar os mortos e manter o país em funcionamento. Devemos olhar para esses heróis públicos e anônimos. Uma nação é feita de exemplos e de referências, como Rondon e muitos outros. Acima de preferências ideológicas e de projetos de poder.

    Publicado em VEJA de 23 de setembro de 2020, edição nº 2705

    VEJA RECOMENDA | Conheça a lista dos livros mais vendidos da revista e nossas indicações especiais para você.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.