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Putin: levou mas não ganhou

Formado na política e na comunidade de inteligência da antiga União Soviética, Vladimir Putin encarna uma mistura de diversos líderes que passaram por lá

Por Murillo Aragão Atualizado em 28 fev 2022, 18h11 - Publicado em 28 fev 2022, 18h02

Formado na política e na comunidade de inteligência da antiga União Soviética, Vladimir Putin encarna uma mistura de diversos líderes que passaram por lá. Apresenta comportamento imperial, como os czares, é implacável com os adversários, como Stalin, é estratégico, como Lenin, e tático na guerra psicológica, como Andropov.

A sua esperteza e a sua inteligência consolidaram a Rússia a partir da divisão do poder com oligarcas e militares – uma espécie de Venezuela, mais organizada e próspera. Putin investiu no soft power em relação às Olimpíadas de Inverno e à Fórmula 1, e seus parceiros investem em patrocínios a times de futebol, campeonatos esportivos, entre outros.

Mesmo assim, a Rússia de Putin nunca chegou perto do soft power da União Soviética, que, com as mitificações do marxismo-leninismo, conquistou mentes na academia, na imprensa e no meio cultural em todo o planeta. Enquanto Stalin cometia atrocidades comparáveis a Hitler, acadêmicos em todo o mundo achavam que o comunismo seria a redenção da humanidade.

Apesar das pretensões de restaurar a grandeza do império russo e a autoridade da era soviética, a Rússia de Putin jamais conseguiu chegar perto da influência que a União Soviética teve. Com os episódios recentes, o fracasso é evidente. Ao invadir a Ucrânia, Putin abusa dos motivos que seu país eventualmente teria em torno da questão. Pior, ele os destrói. Muitos sabem as questões umbilicais que unem os dois povos, o que não justifica, porém, uma agressão generalizada ao país.

Com a agressão à Ucrânia, a Grande Rússia compromete a imagem que poderia construir misturando hard e soft power, a fim de ampliar seu prestígio na geopolítica internacional. E ainda empana o brilho de uma cultura rica e extraordinária. O episódio relega o país à Série C do mundo, onde já se encontram Coreia do Norte, Irã, Cuba, Venezuela, Nicarágua, Bielorússia, entre outros. A Rússia se opõe a um mundo que, cada vez mais, quer ter governança, equilíbrio e sustentabilidade.

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Ainda que a eficácia das sanções impostas à Rússia possa ser questionável, a reação do mundo livre – ao fechar o tráfego aéreo, proibir operações financeiras, cancelar eventos esportivos e patrocínios, congelar reservas e fazer empresas desistirem de investir com russos e na Rússia – fere significativamente o governo de Putin e o isola ainda mais. O cancelamento da Russia pelo mundo livre é a reação mais grave contra um país desde à Segunda Guerra Mundial.

Realisticamente, Putin ganharia mais mantendo pressão sobre a Ucrânia e o mundo ocidental com sua guerra psicológica do que partindo para o conflito aberto. Apesar de a reação militar contra a Rússia ser quase nula, a reação financeira, social e cultural será terrível para o país. Putin não avaliou bem as consequências de sua decisão. Pensava que o Ocidente trataria a invasão como um conflito meramente regional e desimportante.

Fica uma reflexão adicional. A reação do mundo ao comportamento da Rússia pode fazer com que a China pense algumas vezes antes de tomar atitudes mais hostis contra Taiwan. A China tem mais a perder do que a Rússia, caso a ruptura econômica e financeira com o mundo ocidental se aprofunde, a partir do surgimento de um novo conflito.

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