Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Murillo de Aragão

Por Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

A revolta da vacina

Imunização pode ser requisito obrigatório no âmbito trabalhista

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 jun 2024, 14h45 - Publicado em 23 out 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O passado ensina a quem tem paciência para aprender. Em 1904, o Rio de Janeiro viveu dias de baderna no episódio conhecido como Revolta da Vacina, quando a população se rebelou contra a Lei da Vacinação Obrigatória. O personagem central da confusão foi o médico sanitarista Oswaldo Cruz, que determinou, com o apoio do governo, a vacinação obrigatória contra a varíola.

    Hoje, em meio à pandemia de Covid-19, atravessamos uma nova Revolta da Vacina? Sim. E o debate, com antecedentes no movimento geral antivacina, que já existe em vários países, é sobre se a vacinação anti-Covid deve ou não ser obrigatória.

    Será que a nova revolta é específica e pontual? Ou seguiria na esteira de outras disputas relacionadas ao tema, como o uso de máscara, do confinamento compulsório, do emprego da hidroxicloroquina? Provavelmente vai se arrastar por um bom tempo.

    E quais seriam as conclusões? A primeira é que, social e psicologicamente, a vacinação será importante. A maioria das pessoas vai querer estar vacinada para, ao menos, recuperar a sensação de liberdade. O mesmo sentimento que os curados sentem após se livrar do vírus. Em Brasília já há quem promova jantares e eventos apenas para “covidados” — aqueles que já tiveram Covid e estariam imunizados.

    Continua após a publicidade

    “Economicamente, a vacina será relevante, já que pode ser decisiva para o acesso a lugares públicos”

    Economicamente, a vacinação será relevante, já que poderá ser usada como exigência para o acesso a lugares públicos. Municípios podem requerer, em áreas turísticas, que os visitantes comprovem ter sido imunizados. Muitos países já solicitam prova de não contaminação e, no futuro, poderão pedir também o atestado de vacinação, como no caso da febre amarela.

    No âmbito trabalhista, a prova de superação ou da imunização poderá vir a ser um pré-requisito para que se volte a frequentar o ambiente de trabalho. A vacinação contra a Covid-19 fará parte do “novo normal”, correndo ao lado da disputa política instalada no país.

    Continua após a publicidade

    O governador João Doria pode vir a consolidar uma liderança política em nível nacional mais robusta, a partir da produção da vacina na capital paulista, o que, no entanto, depende de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um órgão federal. Ali, certamente será travado um embate que influencia a disputa em 2022.

    Na semana passada, após um ensaio de aproximação entre Doria e o governo federal sobre a vacina chinesa, em produção no Instituto Butantan, o presidente Jair Bolsonaro disse que não negociaria temas envolvendo a Covid-19. E que o governo federal não adotará tal imunizante.

    Bolsonaro agiu de forma pragmática, como teria feito Lenin, por exemplo, que disse: “O que ajuda meu adversário me fere, e vice-versa.” Mas deveria ter pensado, também como Lenin, que, para fazer a Revolução Comunista, era preciso ficar “amigo dos inimigos”, isto é, dos banqueiros e milionários que financiaram o movimento na Rússia.

    Continua após a publicidade

    Ambiguidade e pragmatismo devem ser muito bem pesados em política. Ao se afastar de Doria na questão da vacina, Bolsonaro toma um lado. Mas será o lado certo? Doria, por sua vez, sem as compras do governo federal, poderá ter a influência e o alcance da vacina do Butantan limitados.

    Publicado em VEJA de 28 de outubro de 2020, edição nº 2710

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.