Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Murillo de Aragão
Continua após publicidade

A escolha de Lula na Economia

O presidente vai decidir entre a credibilidade e a imprevisibilidade

Por Murillo de Aragão 3 dez 2022, 08h00

Ao definir o nome do novo ministro da Economia, Lula estará optando por uma de duas alternativas: aportar credibilidade econômica ao seu governo ou arriscar um caminho que demande construção de credibilidade. Na primeira hipótese, o presidente eleito vai provocar euforia no mercado com efeitos imediatos nas decisões de investimento, além de alta na bolsa de valores e queda nas taxas de juros futuros e no câmbio. Na segunda, provocará incerteza e imprevisibilidade, com reflexos já conhecidos e comprovados quanto ao comportamento negativo dos mercados.

Ao optar pela previsibilidade, Lula terá a vantagem de comprar “saldo médio” para a sua gestão. Isso facilitará o diálogo com o Congresso Nacional na busca por solução para as questões postas pela PEC da Transição e pelo teto de gastos. Se a solução for mais heterodoxa, terá um custo adicional junto ao Congresso e com o encaminhamento das soluções para as suas promessas de curto prazo. O debate entre o dogmatismo e o pragmatismo é o desafio que o presidente eleito tem pela frente. Em sendo uma escolha, existem perdas e ganhos embutidos em cada uma delas.

Caso opte pelo caminho da prudência, Lula libera energia para avançar em outras pautas, usando o “saldo médio” de credibilidade aportado à sua gestão. O outro caminho implica conviver com a desconfiança dos agentes econômicos e as consequências negativas daí advindas até que se esclareça a direção a ser tomada.

“Se a solução for mais heterodoxa, terá um custo adicional junto ao Congresso e com o encaminhamento das soluções para suas promessas”

O mercado não deve ser considerado o rei do mundo, pois seu comportamento não é intencional, nem tampouco decorre de decisões monocráticas. Decorre de reações às percepções provocadas pelas circunstâncias. Parodiando José Ortega y Gasset, o mercado é o mercado e suas circunstâncias. Se o Estado propõe circunstâncias razoáveis, o mercado reage razoavelmente, validando-as por meio de reações positivas.

Continua após a publicidade

A leitura cautelosa do atual cenário mostra que o pragmatismo seria o caminho do sucesso. Mas há quem acredite que a hora de avançar com visões mais heterodoxas é agora. Tal situação demanda uma reflexão. O que gera a prosperidade, salvo circunstâncias excepcionais, é o trabalho. Quem organiza o trabalho é o setor privado a partir de impulsos do próprio mercado e da qualidade da intervenção governamental por meio de regulamentações e estímulos.

Sem uma definição de rumos e nomes, as expectativas para a economia estão embaçadas por causa da incerteza dos caminhos a seguir. O dilema de Lula é complexo. Se confirmar um nome sem o apoio do mercado, causará turbulência. Se nomear alguém do mercado, passará a imagem de submisso. Como resolver a questão? A solução está em uma escolha de equilíbrio. Como sempre, a virtude está no meio.

Considerando que o anúncio do novo ministro da Economia pode ocorrer a qualquer instante, esta coluna pode ficar velha muito rápido. Mas a mensagem que deve ser observada está na certeza de que, em se tratando de economia, prudência é altamente recomendável.

Publicado em VEJA de 7 de dezembro de 2022, edição nº 2818

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.